O maior crime da nossa época
A propósito da passagem do sétimo aniversário da morte de Fidel Castro (1926-2016), no dia 25 de Novembro, diversas foram as referências, em declarações e artigos na imprensa, ao legado internacionalista do líder histórico da Revolução Cubana.
Em África, a solidariedade de Cuba – e o auxílio concreto – com a luta pela independência e pela libertação dos povos do colonialismo e do imperialismo continua bem presente. Da Argélia e do Sahara Ocidental à Eritreia, da Guiné-Bissau e Cabo Verde ao Congo, em Angola, Namíbia, Zimbabué, África do Sul, Moçambique. Os povos da África Austral, em especial, não esquecem a solidariedade internacionalista dos cubanos e o seu valioso contributo para o fim do apartheid, a libertação de Nelson Mandela e as transformações progressistas ocorridas na região.
Mas, sabe-se bem, a solidariedade exemplar de Cuba, do seu povo e da sua Revolução foi além de África, estendeu-se à América Latina, à Ásia, a todas as causas justas no mundo.
Hoje, no momento em que o povo palestiniano trava mais uma difícil batalha pelo direito a um Estado independente, pelo direito a viver em liberdade e paz na sua terra, vale a pena revisitar as palavras de Fidel na ONU sobre a Palestina, há mais de quatro décadas.
Discursando na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, em 12 de Outubro de 1979, como presidente do Movimento dos Países Não Alinhados, afirmou que «a determinação de Israel de continuar a sua politica de agressão, expansionismo e colonização nos territórios que ocupou, com o apoio dos Estados Unidos, constitui uma séria ameaça à paz e à segurança mundiais».
Defendeu que a base da paz justa no Médio Oriente «começa pela retirada total e incondicional de Israel de todos os territórios árabes ocupados e pressupõe para o povo palestiniano a devolução de todos os territórios ocupados e a recuperação dos seus direitos nacionais inalienáveis, incluindo o direito do retorno à sua pátria, à livre determinação e ao estabelecimento de um Estado independente na Palestina», em conformidade com as resoluções das Nações Unidas. O que implica, realçou, «a ilegalidade e nulidade das medidas adoptadas por Israel nos territórios palestinianos e árabes ocupados, assim como do estabelecimento de colonatos em terras palestinianas e nos demais territórios árabes, cujo desmantelamento imediato é um requisito para a solução do problema».
Fidel destacou que o movimento revolucionário se educou sempre no ódio à discriminação racial e às perseguições de qualquer tipo e repudiou a impiedosa perseguição e o genocídio que o nazismo desencadeou contra o povo hebraico. Mas, disse, «não consigo lembrar-me de nada mais parecido na nossa história contemporânea do que a expulsão, perseguição e genocídio que hoje levam a cabo o imperialismo e o sionismo contra o povo palestiniano». E acrescentou, antes de condenar a política dos EUA no Médio Oriente que impede o estabelecimento de uma paz justa e completa na região e alinha com Israel, à custa do povo palestiniano: «Despojados das suas terras, expulsos da sua própria pátria, dispersados pelo mundo, perseguidos e assassinados, os heróicos palestinianos constituem um exemplo impressionante de abnegação e patriotismo, e são o símbolo vivo do maior crime da nossa época».