Candidato de extrema-direita ultraliberal eleito presidente da Argentina
Na Argentina, na segunda volta das eleições presidenciais, realizadas no domingo, 19, o líder do partido A Liberdade Avança (LLA), Javier Milei, de extrema-direita, foi eleito presidente da República. Será empossado no dia 10 de Dezembro, para um mandato previsto de quatro anos.
Milei conquistou quase 14,5 milhões de votos (55,69 por cento do total) e o seu adversário, Sergio Massa, peronista, apoiado pela União pela Pátria (UP), obteve o apoio de pouco mais de 11,5 milhões de votos (44,30 por cento), segundo dados oficiais provisórios. Mais de 76 por cento dos 35 milhões de eleitores inscritos foram às urnas.
Na Câmara de Deputados, a UP conta com 107 eleitos, o partido Juntos por el Cambio (JxC), de direita, com 94 e a LLA com 38. No Senado, a UP tem 35 representantes, a JxC 24 e a LLA 8, o que configura um Congresso fragmentado.
Nas suas primeiras intervenções após o acto eleitoral, Milei anunciou a intenção de fechar o Banco Central e de introduzir o dólar como moeda do país, bem como os planos de eliminar os apoios sociais, privatizar a saúde, o ensino e os meios de informação públicos, vender a companhia aérea e a empresa estatal petrolífera, voltar as costas ao Brasil e à China, importantes parceiros económicos da Argentina, e deixar o comércio internacional nas mãos de privados. Uma política que serve os interesses dos grupos económicos e financeiros, que coloca a Argentina a saque por parte do grande capital estrangeiro e que se assemelha à política ultraliberal aplicada no Chile pelos denominados Chicago Boys após o golpe militar fascista de 1973.
Já após a primeira volta das eleições, o Partido Comunista da Argentina alertara para a influência acumulada pelas forças antipopulares e antidemocráticas, em virtude de frustrações provocadas pelo actual governo de Alberto Fernandez, do qual Sergio Massa é ministro da Economia. Os comunistas, que na segunda volta das presidenciais apoiaram Massa contra Milei, apelavam então a que se enfrentasse as conspirações da direita e se reforçasse a unidade das forças de esquerda e democráticas.