Começou nos SIMAR a luta pelos serviços

Trabalhadores dos SIMAR protestaram, no dia 24, contra a tentativa de privatização da água e do saneamento em Loures e Odivelas. O PS ameaça o mesmo em mais quatro concelhos.

Privatização coloca em risco universalidade do acesso à água

Foi à porta da sede dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas, pela manhã, que os trabalhadores desta empresa protestaram contra o caminho que está a ser traçado, pelos executivos municipais do PS e pelo Governo, no sentido da extinção e privatização destes serviços públicos essenciais.

Tal como em Loures e Odivelas, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) afirma que a transferência destes serviços está a ser igualmente negociada, «em segredo», em mais quatro concelhos do distrito de Lisboa: Amadora, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira.

O protesto, que recebeu o nome «Abraço aos SIMAR», contou com um desfile pelo centro de Loures e uma tribuna pública, em que intervieram trabalhadores, activistas e dirigentes do STAL e representantes da Associação Água Pública. Na mesma manhã, foi aprovada uma Carta Aberta, com a posição do sindicato e dos trabalhadores que representa, que foi dirigida aos presidentes das câmaras e assembleias municipais de Loures e Odivelas.

No dia 13, já o sindicato tinha afirmado que estava a ser preparado, «no segredo dos gabinetes e à socapa dos trabalhadores e das populações», um processo de concessão de serviços municipais para a Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL) e a Águas do Tejo Atlântico, ambas do Grupo Águas de Portugal. No mesmo comunicado, ainda alertou que, a prosseguir este caminho de extinção, as autarquias perderiam «a sua autonomia e capacidade de decisão sobre estes serviços públicos essenciais».

Para além de graves prejuízos para os trabalhadores, desde logo com a insegurança no seu vínculo de trabalho, o STAL também previu como consequências deste processo o aumento do horário de trabalho, para as 40 horas semanais, a mobilidade geográfica e a polivalência, o aumento da subcontratação em regime de outsourcing, o aumento da precariedade e da exploração laboral. Para a população, que se verá alienada da gestão deste importante património, as principais implicações serão o aumento dos preços e o declínio da qualidade do serviço.

PCP defende água pública

Uma delegação do PCP esteve presente no protesto de dia 24, em solidariedade com os trabalhadores em luta. Já antes o Partido tinha alertado para a operação em marcha. No início de Outubro, a Direcção da Organização Regional de Lisboa, reagindo a declarações do presidente da Câmara Municipal de Odivelas, chamou a atenção para a «agregação, desmantelamento e entrega da gestão das águas e do saneamento de seis municípios» às duas empresas da Águas de Portugal.

No âmbito de uma campanha de esclarecimento para a necessidade de defesa da gestão pública municipal da água e resíduos, a CDU de Loures realizou, no dia 11, uma acção de contacto com os trabalhadores da SIMAR e no dia 24 também expressou a sua solidariedade com a luta.

 



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