Inteligência Artificial, uma notícia e três notas

Carlos Gonçalves

Este é um texto de actualidade, nem didáctico nem exaustivo, como aqui importa. A Inteligência Artificial (IA) caracteriza-se por sistemas informáticos, algoritmos e programas digitais capazes de imitar tarefas que até há pouco «pressupunham funções cerebrais abstractas» da inteligência humana. A IA dispõe, hoje em dia, de capacidade de auto-evolução na respectiva área de intervenção.

É recente a notícia de que a Agência de Segurança Nacional dos USA (NSA) inaugurou um departamento de IA para dados diplomáticos, tecnológicos e económicos, que passou a integrar o Centro de Segurança de IA da NSA e repercute na actividade das Agências e Serviços de Informações e Defesa USA. O Director da NSA, Nakasone, informou que a IA e outras tecnologias asseguram aos States a vanguarda na matéria, mas disse que a China representa uma ameaça a este domínio(!).

A IA é causa/efeito de guerra, omnipresente em combate, comando, tecnologia e corrida a sistemas de armas, satélites, informação, espionagem, etc.; é, há muito, «botão do homem morto», que «garante a destruição da humanidade» mesmo que não haja quem prima o gatilho termonuclear, e está cada vez mais próxima do nanosegundo da «última guerra», sem «telefone vermelho» que a trave, isto é, a IA, no plano militar, está mais próxima da ficção de Hollywood(!), em que a Skynet, super máquina de IA, decide exterminar a humanidade.

A IA está também cada vez mais presente na sociedade capitalista, como instrumento necessário nas actividades humanas, na saúde, educação, serviços públicos, funções e direitos sociais, na informação. Mas as relações de produção capitalistas determinam a apropriação dos benefícios da IA pelo capital financeiro – a acumulação e concentração capitalista, o desemprego (como foi o caso de cerca de 100 mil trabalhadores das transnacionais das redes sociais e se está a verificar noutras áreas), a exploração, o empobrecimento, a alienação, o «pensamento único», a opressão.

A IA já é, e será no futuro, muito útil, onde possa contribuir para fazer avançar e qualificar a vida dos trabalhadores e dos povos, mas importa derrotar a instrumentalização imperialista desta «revolução científica», para garantir uma IA humanista e progressista e um mundo de Paz.




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