A gozar com os professores?
O problema dos preços da habitação «tem, como causa primeira, a desvalorização da carreira e do exercício da profissão docente» e contribui para agravar «o problema escolar da década, a falta de professores qualificados», mas a novidade que o Ministério da Educação introduziu no concurso de mobilidade interna não passa de «uma bela declaração de intenções», protestou a Federação Nacional dos Professores.
Numa nota à comunicação social, dia 3, a FENPROF salientou, remetendo para o «manual» disponibilizado aos professores que pretendam candidatar-se a uma das 29 habitações previstas num protocolo entre o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e a Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE) que «só há possibilidade para Lisboa ou Portimão, muito longe do que recebeu a designação de “áreas diversas do território nacional”».
«O custo da habitação impede hoje que muitos docentes aceitem colocações longe de casa, sendo que muitos abandonaram e poderão vir a abandonar a profissão por essa razão», alertou a FENPROF. O aviso ganhou mais razão com o recente «concurso de vinculação dinâmica», no qual ficaram por ocupar 32 por cento das vagas, parcela que sobe para 44 por cento no caso do QZP1 (distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto).
Se «a mobilidade dos professores de “casa às costas” é um dos grandes problemas da profissão», «medidas de apoio à habitação são urgentes e necessárias». Mas «não se pode é dizer que há “disponibilização de soluções habitacionais aos docentes com dificuldade de acesso a uma habitação em áreas diversas do território nacional” e depois os números serem tão irrisórios que até dá vontade de perguntar: andam a gozar connosco?»