Greve na Saúde reforçou exigências sobre carreiras
A muito forte adesão à greve de dia 19 comprovou a determinação dos trabalhadores na luta pela criação da carreira de técnico auxiliar de Saúde e pela valorização da carreira de assistente técnico.
Têm de ser valorizadas as funções específicas exercidas no SNS
Nas reivindicações que justificaram a paralisação, de 24 horas, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, foram também incluídas a generalização da aplicação das 35 horas semanais de trabalho e a admissão do pessoal necessário no SNS.
Uma adesão superior a 90 por cento, nos hospitais de Lisboa, Porto e Braga, ou de 80 por cento, em Coimbra, «mostra que os trabalhadores estão a rever-se nas reivindicações», disse o coordenador da federação. Numa primeira informação, pouco depois das zero horas, no Hospital de São José, Sebastião Santana destacou a adesão total ali verificada, bem como nos hospitais de D. Estefânia e Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), e ainda os 85 por cento, registados no São João (Porto).
Com este piquete de greve esteve João Dias, deputado do PCP, reafirmando a solidariedade do Partido com as reivindicações e a luta.
Governo não concretiza
O nível médio de adesão foi confirmado de manhã, numa conferência de imprensa, na entrada do Hospital de Santa Maria. O coordenador da FNSTFPS e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN recordou então que, na última reunião com os representantes sindicais, o Governo não concretizou «nada de novo».
Com aquilo que foi apresentado, a formação exigida para a nova carreira será ministrada por trabalhadores que correm o risco, eles próprios, de ficarem excluídos do acesso à carreira, porque não possuem essa formação – alertou Sebastião Santana.
Os auxiliares de acção médica passaram em 2008 para as carreiras gerais e exigem, desde então, a criação de uma carreira especial, com um conteúdo funcional que reflicta as suas competências e promova a autonomia profissional, como parte de equipas multidisciplinares.
A federação defendeu, nas vésperas da greve, que é necessário iniciar «a negociação séria e imediata» de uma proposta de carreira. O Governo definiu o objectivo de criar este ano a carreira de técnico auxiliar de Saúde, mas tem-se limitado a apresentar «ideias que não vão no sentido das exigências dos trabalhadores».
Quanto aos assistentes técnicos (administrativos), é exigida a aplicação correcta e integral do acordo colectivo de trabalho para as carreiras gerais, celebrado em 2018. Trata-se «apenas de cumprir aquilo que os hospitais EPE assinaram», disse Sebastião Santana, destacando «a contagem do tempo de serviço, que continua por fazer desde 2018, com prejuízo enorme para estes trabalhadores».
Ao início da tarde, em declarações à Lusa, uma dirigente da federação colocou a média nacional de adesão à greve em 90 a 95 por cento, num «balanço muito positivo», com impactos que seriam muito mais visíveis, não fora a imposição de serviços mínimos.
Para o Sindicato da Função Pública do Centro, que abrange os distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda e Leiria, a greve «foi um sucesso», «não obstante o Governo ter tentado transformar serviços mínimos em serviços máximos». «A luta vai continuar, até que as mais que justas reivindicações sejam satisfeitas», assegurou o sindicato, em comunicado.