Comunistas sudaneses pedem cessar-fogo
Prosseguem no Sudão os violentos combates iniciados no sábado, dia 15, entre o exército regular e milícias das Forças de Intervenção Rápida (FIR), que já provocaram elevado número de vítimas civis, entre mortos e feridos.
Os combates, com a utilização de armamento pesado, tanques e aviões, começaram em Cartum e na cidade gémea de Omdurman, na margem leste do Nilo, estendendo-se depois a outras zonas do país. Têm-se registado, sem resultados, tentativas de estabelecer tréguas humanitárias de 24 horas.
As duas facções beligerantes são lideradas pelo presidente do Conselho Soberano de Transição (a junta militar golpista), general Abdel Fattah al-Burhan, e pelo seu vice-presidente, Mohamed Hamdan Dagalo, chefe das FIR.
Estes generais tinham-se aliado após o golpe de Estado de 2021, bloqueando a instalação de um governo civil democrático e procurando impedir o avanço da luta popular que em 2019 derrubou o presidente Omar al-Bachir, após 30 anos no poder.
As divergências entre al-Burhan e Dagalo agravaram-se nas últimas semanas, a pretexto da integração das FIR no exército, no quadro de um acordo mediado pelas Nações Unidas, União Africana e sete países da África Oriental, com o patrocínio dos Estados Unidos da América e apoios do Egipto, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos.
Para o Partido Comunista Sudanês (PCS), «as sangrentas lutas internas» entre generais e suas tropas está a expor o povo «ao perigo e à irresponsabilidade das ambições das forças contra-revolucionárias e a mais derramamento de sangue». A via de regresso à normalidade «começa com um cessar-fogo imediato e abrangente, com a saída dos exércitos e milícias das cidades e aldeias, mantendo-os afastados das aglomerações de cidadãos nas vilas e zonas rurais». Neste contexto, os comunistas sudaneses entendem ser necessário acelerar a dissolução de todas as milícias e a reconstrução de um exército nacional unificado.
O PCS considera que é uma tarefa urgente a unidade do povo sudanês, de todas as forças patrióticas, das Forças de Mudança Radical e dos Comités de Resistência, no apoio ao restabelecimento da paz, segurança e estabilidade do país. «Essa é a única base para pôr fim à crise actual, recuperar a revolução e estabelecer o poder do povo», sublinha.
Clamando por liberdade, paz, justiça e um Estado civil, o PCS apela aos comunistas e a outras forças democráticas a «erguer as bandeiras da solidariedade com a luta do povo sudanês».