Pela contratação de psicólogos escolares
Foi rejeitado pelos votos contra de PS, PSD e IL o projecto de lei do PCP que definia o regime de contratação e colocação de psicólogos nas escolas públicas.
Com esta iniciativa legislativa, em debate no dia 23, a bancada comunista pretendia dar um contributo para «o ingresso e estabilidade na carreira dos psicólogos», respondendo simultaneamente às «necessidades das escolas».
Como salientou em nome da bancada comunista o deputado Manuel Loff, os psicólogos «são essenciais às escolas», em variadíssimos planos, tendo de existir em número suficiente. O que não se verifica, uma vez que o rácio no nosso país é actualmente de um psicólogo para 694 alunos, quando, de acordo com as recomendações internacionais, o número não deve exceder os 500 alunos por psicólogo.
Mas se o debate revelou a existência de consenso quanto aos problemas de saúde mental, já «sobre as causas» e, sobretudo, «sobre a multidimensionalidade da intervenção dos psicólogos escolares», foram manifestas as divergências.
Disso é exemplo a posição assumida pelo Chega no debate, o que levou o deputado que integra a bancada comunista a repudiar as palavras da deputada Rita Matias «retratando a realidade» de forma «semelhante a um filme de ficção-catástrofe», com «linguagem de há 60, 70 anos».
«Precisamos de um debate sério, sobre um problema sério», sublinhou Manuel Loff, insistindo na ideia de que «quem nas nossas escolas precisa de apoio psicológico, precisa de ser levado a sério».
Foi com esse espírito, de resto, que foi elaborado o projecto que a bancada comunista submeteu a debate, com o qual visava garantir que os estabelecimentos públicos na educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário tenham, nos seus quadros de pessoal e de acordo com as necessidades específicas da comunidade escolar, o número adequado de psicólogos, segundo o referido rácio internacionalmente recomendado.
Para contrariar a situação precária daqueles trabalhadores, o PCP propunha ainda a «recriação de um regime de recrutamento e contratação e vinculação na carreira de psicólogo, deixando de se aplicar a estes trabalhadores as normas do regime de recrutamento e contratação docente».
Defendida no diploma era ainda a abertura de um processo negocial para «restaurar uma carreira de psicólogo», que, como lembrou Manuel Loff, chegou a existir entre 1997 e 2018.
Trata-se, em suma, de reconhecer e valorizar devidamente o trabalho dos psicólogos em meio escolar, conferindo-lhes «condições efectivas de estabilidade laboral, bem como a possibilidade de ingresso e progressão numa carreira».
Embora reconhecendo a existência de «necessidades», «agravadas pela pandemia de COVID-19», a bancada do PS tentou justificar a rejeição do diploma comunista alegando que «está em cima da mesa uma relevante proposta para a vinculação de técnicos especializados das nossas escolas, onde se enquadram os psicólogos escolares».