Degradação do serviço ferroviário reclama medidas urgentes
Supressão de ligações, horários que não se cumprem, insuficiente oferta, atrasos e incidentes nas obras em curso, eis algumas das razões para a degradação das condições do serviço ferroviário. O que levou o PCP a suscitar um debate de actualidade para 19 de Abril.
Urge uma política de promoção do transporte ferroviário
Os problemas têm vindo a agravar-se e que o diga quem, diariamente, sobretudo nas áreas metropolitanas, está sujeito ao movimento pendular casa-trabalho ou tem necessidade de se deslocar.
Um quadro de dificuldades crescentes com o qual os utentes são confrontados e que, no limite, pode «comprometer a segurança do transporte ferroviário», como salienta o deputado comunista Bruno Dias no texto dirigido ao presidente da AR onde solicita o agendamento do tema em sessão plenária.
As anomalias são tantas e tais que levantam «preocupações e perplexidades sobre as opções que estão a ser seguidas», diz o parlamentar do PCP, que fundamenta a sua asserção com exemplos, como o da Linha da Beira Alta: «encerrada por nove meses para execução das obras, foi já anunciado o prolongamento do encerramento por mais dez meses e subsistem sérias dúvidas se findo este prazo as obras estarão concluídas e a linha reaberta ao tráfego».
Já na Linha do Norte, «o principal eixo ferroviário do País», lembrou, foram quatro os abatimentos recentemente ocorridos no espaço de três semanas, que levaram ao «corte de uma das vias, a afrouxamentos que deverão prolongar-se durante meses, com os consequentes atrasos, penalizando milhares de utentes nos comboios suburbanos, regionais, de longo curso, e dificultando o tráfego de mercadorias».
A IP, por seu lado, «continua a ser degradada, numa fusão irracional entre rodovia e ferrovia, a perder capacidade de resposta operacional para empreiteiros, concessionários e subconcessionárias, à custa da ferrovia nacional», lamenta Bruno Dias.
Daí a urgência de uma «política de promoção do transporte ferroviário, incluindo na vertente de construção nacional de material circulante e na capacidade de execução de investimentos em infra-estruturas, e da sua articulação com o equilíbrio territorial e o desenvolvimento do País», argumenta o deputado do PCP.
Salários em atraso nos bares da CP
Situação igualmente grave é a que afecta os cerca de 130 trabalhadores da «Apeadeiro 2020, Lda» - empresa privada, que explora o serviço de bar e refeições dos comboios de longo curso Alfa Pendular e Intercidades da CP -, que estão confrontados com salários em atraso.
O que levou o Grupo Parlamentar do PCP, através dos deputados Bruno Dias e Duarte Alves, a requerer a audição na comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação do presidente da CP e do ministro das Infra-estruturas, pedido esse que o PS inviabilizou ontem, 15, na Comissão de Economia.
Uma posição do PS que só pode merecer forte crítica na medida em que se está perante uma situação considerada «inadmissível», tanto para os trabalhadores como para os utentes, já que os comboios circulam actualmente sem serviço de bar e refeições. Daí os parlamentares do PCP não esconderem a sua indignação perante esse facto de enorme gravidade que é de «uma empresa não garantir o pagamento atempado dos salários aos trabalhadores».
E por isso reclamam, em face disso, que a «CP proceda com urgência à integração dos trabalhadores (e que lhes seja pago o que é devido) e garanta o serviço de forma regular e adequada aos passageiros».
Apresentado pelo PCP foi ainda outro requerimento, também chumbado pelo PS, para audições sobre o serviço de transporte suburbano da Área Metropolitana de Lisboa. Em causa está também a degradação das condições em que o serviço é prestado, devido a supressões de ligações por falta de material circulante e de trabalhadores, razão para que os deputados comunistas queiram ouvir o ministro da tutela, o presidente da CP, o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos e a Comissão de Trabalhadores da CP.