Mil razões para lutar com manifestação no Porto e no sábado em Lisboa
As comemorações do Dia Internacional da Mulher arrancaram em força, dia 4 de Abril, no Porto, com a Manifestação Nacional de Mulheres, que prossegue este sábado, às 14h30, em Lisboa, com início na Praça dos Restauradores.
«Os direitos das mulheres não podem esperar»
Respondendo ao apelo do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), milhares de mulheres dos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Guarda, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Viseu, concentraram-se este sábado na Praça da Batalha, onde se iniciou a Manifestação.
Seguiram até à Estação de Metro da Trindade, bem no centro da cidade. À frente, os sons dos bombos chamavam à atenção e traziam mais para o desfile, onde se exigiram direitos, igualdade, justiça social e paz, bem como políticas de combate ao agravamento das condições de vida e de trabalho e ao cortejo de desigualdades, discriminações e violências que atingem as mulheres enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães.
«Mil razões para lutar! Os direitos das mulheres não podem esperar», lia-se na faixa que abria a marcha, seguida de outras: «Não há desculpa para os retrocessos. Viver direitos no trabalho e na vida!», «Salário igual por trabalho igual», «Parar a guerra, dar uma oportunidade à paz», do CPPC.
Presente esteve ainda o MURPI: «Força de Abril. Envelhecer com direitos» e não faltaram os «Cravos vermelhos de Abril». A papoila é outro dos símbolos da luta emancipadora da mulher que ali foi erguida, por entre palavras de ordem, como: «Mulher escuta, o tempo é de luta», «Os lucros a aumentar e a vida a piorar», «Violência conjugal é vergonha nacional», «Proxenetas aqui não. Prostituição é exploração», «Só se avança de verdade pondo fim à precariedade, com direitos e igualdade» e «Paz sim, guerra não».
Ali passaramreivindicações concretas, como «Mais e melhores transportes em Gaia», e alertou-se para a urgência da Maternidade dos Covões e de «investir nos serviços públicos».As trabalhadoras da Sousacam destacaram: «O lugar da mulher é onde ela quiser».
Esta acção contou com a presença de uma delegação do PCP, constituída por Margarida Botelho, do Secretariado, Fernanda Mateus, Belmiro Magalhães, da Comissão Política, e Ilda Figueiredo, do Comité Central.
«Igualdade é agora»
No final, Nicole Santos saudou as mulheres que todos os dias afirmam o valor do seu trabalho, que é decisivo para o funcionamento da sociedade: nas fábricas, nos serviços, no comércio, na escola pública, nos serviços públicos de saúde e de justiça, na investigação, na cultura, mas também na agricultura e nas micro e pequenas empresas. Nas suas palavras não foi esquecida a luta da juventude, presente com a afirmação «Igualdade é agora».
Por seu lado, Madalena Santos, também dirigente do MDM, salientou que a guerra e a militarização «não servem as mulheres nem a sua emancipação» e, por isso, «não podemos deixar de manifestar o nosso protesto e indignação pelas despesas militares» que «não param de aumentar». Foi ainda manifestada «profunda solidariedade» à luta das mulheres de Cuba, Venezuela, Síria, Palestina, Sahara Ocidental, entre outros países, e destacado o papel da Federação Internacional de Mulheres.
Razões para lutar
Pegando no lema das comemorações deste ano, Sandra Benfica sintetizou: «Temos mil razões para lutar por melhores condições de vida e de trabalho, pelo fim da precariedade e da desregulação dos horários, pelo aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional; contra o brutal aumento do custo de vida que nos empurra para a pobreza e exclusão social; pelo aumento das pensões e o direito a envelhecermos com dignidade; em defesa do Serviço Nacional de Saúde e salvaguarda dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres».
Acrescentou outras: «respeito pelo nosso trabalho; valorização das carreiras e profissões; direito a articular a vida profissional e familiar; creches e educação pública, gratuita e de qualidade; habitação digna e compatível com o salário; combate ao aumento do custo de vida, acabando com a criminosa especulação e fixando o preço de bens e serviços essenciais; contra a multiplicidade de violências; fim das violências».
«Na unidade da nossa luta reside a força para enfrentar velhas e novas formas de exploração e opressão que se agigantam e espreitam por aí, as injustiças sociais e as tentativas de normalização e banalização do ódio, intolerância e violências», acentuou a dirigente.
Em todo o País
Para ontem, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o MDM agendou muitas dezenas de iniciativas de carácter diverso – como debates e tertúlias, jantares e sessões culturais, distribuições e contacto com mulheres, exposições e espectáculos – em todo o País.
Em comunicado, aAssociação Portuguesa de Deficientes(APD) exigiu que o Estado adopte as medidas económicas e sociais necessárias para a promoção da igualdade, tal como recomendado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
«As mulheres com deficiência sofrem uma dupla discriminação: de género e causada pela deficiência. Estão mais expostas à pobreza e à marginalização e enfrentam mais barreiras para fazer cumprir os seus direitos», salienta a APD.