PCP reafirma que é preciso defender a paz e pôr fim à guerra e à instigação do ódio

O PCP voltou a expressar a sua preocupação pelo agravamento da guerra na Ucrânia, apelou ao fim da «política de instigação do confronto» e reafirmou que «está onde sempre esteve: do lado da paz – não da guerra».

O PCP defende a solução pacífica dos conflitos internacionais

Lusa

«Para onde nos querem empurrar com mais confrontação e guerra, com o alimentar do conflito com armas com cada vez maior capacidade de destruição?», questionou a presidente do Grupo Parlamentar do PCP, sabendo-se, acrescentou, que esse acicatar ao prolongar da guerra «causará ainda mais perda de vidas humanas, mais sofrimento, maior destruição».

Paula Santos falava em nome da sua bancada no final de um debate temático realizado no dia 24 sobre a situação na Ucrânia. Submetidos a sufrágio foram igualmente dois votos: um, de «solidariedade» com aquele país, apresentado pelo presidente da Assembleia da República, que foi aprovado com o voto contra dos deputados comunistas; o outro, do PCP, de «condenação da escalada de confrontação e guerra, de solidariedade com as suas vítimas e de exigência de paz», que foi chumbado por todos os outros partidos.

A posição do PCP sobre esta matéria foi clarificada quer no conteúdo do seu voto de condenação quer nas intervenções de Bruno Dias e Paula Santos, tendo esta última estruturado o seu discurso a partir de um conjunto de perguntas que puseram em evidência o enorme fosso que separa os fautores da guerra (e os interesses que acobertam) daqueles que verdadeiramente estão do lado da paz, do respeito dos direitos, da solidariedade e da amizade entre os povos.

«Para onde nos querem empurrar com o fomento da corrida armamentista, incluindo de armamento nuclear (…), com mais e mais sanções (…), com o branqueamento, a promoção e o apoio a poderes de cariz xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeados e sustentados por forças de cariz fascista e nazi (…), com a apologia da guerra, a deturpação da verdade, a instigação ao ódio?», perguntou a líder parlamentar comunista, antes de responder com um categórico «não contem com o PCP para isso».

 

Princípios e valores

Explicando mais detalhadamente as razões que alicerçam a posição do PCP, enumerou o que o separa nesta matéria de outras forças políticas, desde logo a defesa da «solução pacífica dos conflitos internacionais – não a escalada de confrontação e guerra».

«Defendemos a liberdade e a democracia – não a promoção de golpes de Estado por grupos xenófobos e fascistas. Defendemos a dissolução dos blocos político-militares – não o seu alargamento e intervenção por todo o mundo. Defendemos o desarmamento geral, simultâneo e controlado – não a corrida aos armamentos. Defendemos a cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade – não a xenofobia, o nacionalismo e o fascismo», sumariou Paula Santos, deixando bem vincada a asserção de que «quem defende a paz não promove nem prolonga a guerra».

 

Construir a paz

E é por defender a paz que o PCP entende – foi ainda Paula Santos a sublinhar a ideia – que para a alcançar é preciso pôr fim ao «curso de militarização das relações internacionais», «ao alargamento e reforço dos blocos político-militares» e à «corrida aos armamentos».

Paz que passa também pelo «estabelecimento de acordos de controlo, limitação e redução de armamentos, alguns dos quais abandonados, um após outro, durante as últimas décadas», prosseguiu a deputada comunista, defendendo que o caminho para a paz não dispensa igualmente o diálogo e a cooperação «com vista à implementação de medidas de confiança e segurança mútua», bem como o «desanuviamento das relações internacionais».

Para os comunistas, garantir a paz implica, ainda, o «fim das sanções e dos bloqueios, o respeito dos direitos e soberania dos povos, dos princípios da Carta das Nações Unidas».

«O respeito dos direitos, a solidariedade, a amizade entre os povos devem prevalecer face a divisões e confrontos artificialmente criados, expressão de criminosos e obscuros interesses, contrários aos interesses dos povos», sustentou Paula Santos.

A anteceder a sessão plenária houve um minuto de silêncio fora do hemiciclo, nos Passos Perdidos. O PCP justificou a sua ausência deste acto reafirmando que a a sua solidariedade «é com o povo ucraniano e todas as vítimas da guerra e não com um regime xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi».

Os colossais lucros de quem ganha com a guerra

Posto em evidência nas intervenções da bancada comunista foi esse aspecto nodal que é o de saber quem está a lucrar com esta guerra e sobre quem estão a recair os seus elevadíssimos custos.

«A cada dia que passa é mais evidente que são os trabalhadores e os povos que estão a pagar os custos da guerra e das sanções», afirmou o deputado Bruno Dias, anotando que, em contraponto, os únicos beneficiários da situação são as «grandes empresas de armamento, da energia, da alimentação, da distribuição ou a banca». São estes que ganham com a «confrontação, com a guerra, com a corrida armamentista, com as sanções».

Um ganho que se traduz no acumular de «milhares de milhões», à custa do brutal aumento dos preços dos bens de primeira necessidade, do agravamento das condições de vida dos trabalhadores e dos povos e do ataque aos direitos.

Os exemplos dados por Bruno Dias são esclarecedores: «A BP, mais de 25 mil milhões de euros em lucros; a Chevron, mais de 34 mil milhões de euros em lucros; a ExxonMobil, mais de 51 mil milhões de euros em lucros; a Shell, mais de 37 mil milhões de euros em lucros».

O parlamentar comunista deu ainda a conhecer exemplos reveladores de quem está interessado no prolongamento da guerra.

É o caso da Kongsberg Defence, que produz e vende o sistema de mísseis NASAMS, com mais de 4,1 mil milhões de euros em novas encomendas.

Mas é também a BAE Systems, fabricante do canhão M777 Howitzer, que teve mais 2,3 mil milhões de euros de lucros, com mais de 17 mil milhões em novas encomendas.

Já os lucros da Lookheed Martin, que produz e vende o sistema de mísseis HIMARS, ascenderam a mais de 5,7 mil milhões de dólares de lucros.

«Só a indústria de armamento dos Estados Unidos da América teve mais de 50 mil milhões em lucros», sintetizou Bruno Dias, mostrando como a «guerra é uma oportunidade para o grande capital e os seus interesses, à custa da morte e da destruição».







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