Alargar âmbito do inquérito à TAP para aclarar opções ruinosas
O PCP vai voltar a propor o alargamento do âmbito (até ao último processo de privatização da TAP, há cerca de 10 anos) dos trabalhos recém iniciados da comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea nacional.
O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo deputado comunista Bruno Dias em conferência de imprensa, onde deu a conhecer igualmente os documentos a requerer e as personalidades que o PCP quer ouvir no referido inquérito.
A necessidade de alargar o âmbito dos trabalhos da comissão coloca-se com ainda maior acuidade depois dos dados que têm vindo a público relacionados quer com o escandaloso caso da «compra da TAP com dinheiro da própria TAP» quer com remunerações «à margem da lei de diversos administradores».
Daí Bruno Dias admitir que PS e BE não quererão «certamente» repetir a «recusa a essa proposta apresentada pelo PCP aquando da constituição da comissão de inquérito», acreditando que há «condições de ser aprovada para que nenhuma responsabilidade fique por apurar em tudo quanto possa ter prejudicado a TAP, o erário público e o interesse nacional».
Esclarecendo que a sua bancada pretende «apurar tudo quanto há a apurar sobre os 500 mil euros de Alexandra Reis», o deputado comunista sublinhou porém que não podem simultaneamente deixar de ser identificadas as «responsabilidades sobre um processo de privatização que provocou um rombo na TAP de centenas de milhões de euros, sobretudo quando se prepara nova privatização».
«Não é admissível que se investigue um despedimento que custou 500 mil euros ao erário público e, ao mesmo tempo, se feche os olhos aos prejuízos provocados pelo último processo de privatização da TAP que podem chegar aos 1000 milhões de euros», insistiu Bruno Dias, que estava acompanhado pelo deputado Duarte Alves.
Entre a documentação a requerer está, nomeadamente, a relativa aos negócios da compra de aviões, às remunerações de gestores nos últimos dez anos, aos negócios que o accionista privado fez com a TAP beneficiando a Atlantic Gatetway.
Já no que toca às audições, são mais de duas dezenas as figuras públicas que o PCP quer ver presentes em comissão, entre as quais os ex-ministros e actuais ministros do PSD, do CDS e do PS que caucionaram as opções tomadas na última década, David Neeleman e Humberto Pedrosa, os responsáveis da UE que impuseram o plano de reestruturação, os representantes dos trabalhadores.
Deixada por Bruno Dias foi entretanto a garantia de que o PCP tudo fará para que os trabalhos da comissão de inquérito não sejam «mais um instrumento da campanha contra a TAP, visando a sua entrega a uma multinacional estrangeira», e que intervirá para desmontar a mistificação segundo a qual a TAP é «um sorvedouro de dinheiros públicos, quando representa para o País um instrumento de criação de riqueza, coesão e soberania nacional».