Sindicatos britânicos rejeitam nova legislação contra greves

Prossegue em 2023 a onda de paralisações no Reino Unido, com os trabalhadores de diversos sectores a exigir aumentos salariais de acordo com a inflação e melhores condições laborais. O governo responde com mais legislação a restringir o direito à greve.

Governo de Londres quer restringir direito dos trabalhadores à greve

Dirigentes sindicais do Reino Unido qualificaram como ilegal e antidemocrático o projecto de lei contra as greves que o governo conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak pretende fazer aprovar.

O secretário-geral do sindicato nacional dos trabalhadores ferroviários, marítimos e dos transportes, Mick Linch, afirmou aos jornalistas, no dia 6, em Londres, que a nova legislação, anunciada na véspera, é «extremista» e «antidemocrática». O líder sindical comparou a actuação do governo contra o movimento operário com a repressão levada a cabo pela ex-primeira-ministra Margareth Thatcher, na década de 80 do século passado.

Também Mick Whelan, seretário-geral do sindicato de maquinistas dos caminhos de ferro (ASLEF), um dos sectores mais envolvidos nas paralisações, juntamente com os enfermeiros e os empregados dos correios, disse que a maior onda de greves no Reino Unido desde há décadas poderá prosseguir em 2023, já que nenhuma das partes tenciona recuar. Acrescentou que há tanta gente em greve e tanta gente a sofrer que só pode haver uma alteração de posição do governo – ou então uma mudança de governo.

Por sua parte, o executivo defende a sua decisão de legislar para restringir o direito à greve impondo a obrigatoriedade de serviços em vários sectores, incluindo os trabalhadores ferroviários, os bombeiros e os motoristas e socorristas de ambulâncias.

O ministro do Comércio, Grant Shapps, considerou que, nesta altura em que se regista no país uma vaga de conflitos laborais, o governo está pronto para introduzir uma nova lei contra as greves.

Tal legislação poderia ser apresentada no parlamento britânico nas próximas semanas. Mas meios sindicais advertem que uma tentativa de impor mais regras para restringir greves poderá ter um efeito multiplicador dos conflitos.

Estas declarações ocorreram a meio da semana passada, quando quase não havia comboios a circular no país devido à greve de maquinistas de 15 empresas que operam no sector, organizados no ASLEF, que representa 96 por cento dos maquinistas de comboios em Inglaterra, Escócia e País de Gales.

As greves no Reino Unido, incluindo de enfermeiros, empregados dos correios e professores universitários, de acordo com os activistas sindicais, são provocadas pela inflação vertiginosa e uma economia em crise que atingem sobretudo as classes trabalhadoras.

Melhorar salários do sector público

O dirigente da organização nacional de sindicatos do Reino Unido, instou o governo a dialogar com os trabalhadores para pôr fim às greves causadas principalmente pela subida do custo de vida.

Paul Nowac, que assumiu no final de Dezembro o cargo de secretário-geral do Congresso de Sindicatos (TUC, na sigla em inglês), indicou numa carta ao primeiro-ministro britânico que os serviços públicos enfrentam há anos falta de verbas e de pessoal. «Não podemos resolver estes problemas sem um tratamento justo para as pessoas que trabalham na primeira linha», realçou, exigindo uma mudança nas políticas laborais do governo. «Isso significa falar de maneira aberta e construtiva sobre a melhoria dos salários do sector público, mas até agora os ministros recusam-se a negociar directamente com os sindicatos», criticou.

Segundo uma associação britânica de retalhistas, a British Retail Consortium, os preços dos alimentos no Reino Unido aumentaram a um ritmo maior em Dezembro, com uma inflação de 13,3 por cento, face aos 12,4 por cento em Novembro.




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