Jornadas também com e pela cultura

Sandra Pereira

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE), dando expressão às conclusões da Conferência Nacional, prosseguem as suas jornadas de trabalho pelo País, sob o lema «Contigo todos os dias, A tua voz no Parlamento Europeu». Na passada semana, estiveram no distrito de Portalegre.

A questão do aumento do custo de vida é incontornável nos tempos que correm. Com a viragem do ano, novos aumentos chegaram, a sobrecarregar ainda mais as famílias e as micro, pequenas e médias empresas. Das portagens, à energia, às telecomunicações e à habitação, só para citar alguns. «A única coisa barata são os salários e as pensões» ou «os salários e as pensões estão pregados ao chão e não crescem», ou ainda «tudo aumenta e os salários desaumentam» foram frases que ouvimos e que expressam bem o sentir daqueles que, trabalhando ou tendo trabalhado a vida inteira, não conseguem fazer face às despesas. Ouvimos, compreendemos mas não nos conformamos! É preciso fazer das injustiças força para lutar e derrotar as políticas de direita que obrigam os trabalhadores a empobrecer a trabalhar.

Nas jornadas há tempo e espaço para o contacto com trabalhadores, com utentes dos serviços de saúde, com escolas, com o sector social e com o sector agrícola. Nestas jornadas, em particular, houve a oportunidade para constatar os prejuízos das cheias que, em Dezembro passado, flagelaram o distrito. Foi também possível ouvir o sector cultural e associativo. A cultura também marca presença nestas jornadas.

A propósito, na sessão plenária de Dezembro, o Parlamento Europeu recomendou, uma vez mais, que os Estados-Membros dedicassem 2% dos respectivos orçamentos à cultura. Em Portugal, a cultura não vai além dos 0,43% do orçamento de Estado (RTP incluída, que recebe cerca de um terço das verbas atribuídas). Tal traduz uma clara opção política de desvalorização da cultura. Promove-se a precariedade como regra no sector, a debilitação e destruição do tecido cultural, a degradação das condições de criação artística. Um pouco por todo o país, assistimos ao desprezo pelos trabalhadores da cultura e pelo direito de todos à criação e fruição culturais. Asfixiam-se importantes manifestações de cultura, da erudita à popular, que não obstante resistem e se procuram afirmar.

As associações culturais – como a Cooperativa Operária Portalegrense, com 125 anos, onde estivemos – têm um papel fundamental na dinamização cultural das comunidades, envolvendo as populações, tratando e preservando o património cultural e artístico. É urgente um investimento real e robusto na cultura, que tenha em conta os diferentes territórios, exija o desenvolvimento de um serviço público de cultura em todo o país e cumpra a exigência de 1% para a Cultura como objectivo imediato!




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