Évora nomeada Capital Europeia da Cultura em 2027

Évora será Capital Europeia da Cultura em 2027, juntamente com Liepaja, na Letónia. O PCP destaca a «enorme qualidade e diferenciação» da candidatura, que respeita «a história sempre com os olhos postos no futuro».

Programa cultural extraordinariamente ambicioso

O anúncio foi feito no passado dia 7, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pela presidente do júri internacional, Beatriz Garcia. Com o conceito do «vagar», expressão tipicamente alentejana, a candidatura foi a vencedora de um lote de quatro finalistas, do qual também faziam parte Aveiro, Braga e Ponta Delgada.

O feito foi celebrado efusivamente por centenas de pessoas que se juntaram em Évora na sede da equipa de missão, na Praça Joaquim António de Aguiar. Ali, Alexandre Varela, vice-presidente do município, mostrou-se muito satisfeito por esta vitória de uma cidade e de uma região que merece ser reconhecida.

Em Lisboa, Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara, acompanhou a cerimónia oficial na presença do ministro da Cultural, Pedro Adão e Silva. Évora terá assim ao seu dispor uma dotação financeira de 29 milhões de euros, dos quais 15 milhões de euros serão de financiamento nacional, 10 milhões de euros de fundos europeus, através do programa Operacional do Alentejo, e quatro milhões de euros do Turismo de Portugal, sujeitos a candidatura.

Aos jornalistas e citado pela Lusa, Carlos Pinto de Sá confidenciou que Évora é «um projecto muito ambicioso, que foi pensado um pouco fora da caixa daquilo que seriam os trâmites normais das candidaturas, porque o Alentejo é diferente». O autarca deu ainda a conhecer que a cidade tem «um conjunto de infra-estruturas a serem melhoras», como o Teatro Garcia de Resende, recentemente modernizado, o Salão Central, «antigo cinema abandonado há 30 anos», que no início do próximo ano vai estar à disposição da população e da área cultural e o Palácio D. Manuel, recentemente renovado. Mas a ambição é «ir mais longe, nomeadamente construir um pavilhão multiusos, que Évora e o Alentejo precisam, para termos capacidade para receber grandes eventos», salientou.

Évora quer ainda «sair das quatro paredes» e «usar a paisagem, o montado, o espaço público para podermos fruir da Cultura, quer daquela que produzimos em Évora e no Alentejo, quer daquela que queremos trazer da Europa para o Alentejo», acrescentou.

Carlos Pinto de Sá levantou o véu sobre o «programa cultural extraordinariamente ambicioso» que terá lugar, partilhando o exemplo de um projecto: «desafiámos cidades e criadores a criarem esculturas para os centros históricos que, simultaneamente, possam também produzir energia. Um exemplo de como propomos projectos que possam contribuir para um futuro melhor.»

 

PCP saúda vitória

No mesmo dia, a Direcção da Organização Regional de Évora(DOREV) do PCP saudou a escolha de Évora como CEC e, por seu intermédio, toda a região e os alentejanos, reafirmando «a confiança de todos aqueles que acreditaram neste processo».

Em nota de imprensa, os comunistas destacam «a enorme qualidade e diferenciação» da candidatura, bem como «a sua originalidade, ligação profunda às raízes, à história e à vida, respeitando a história sempre com os olhos postos no futuro».

«Valorizamos o processo, destacamos o trabalho da Comissão Executiva, da equipa de missão e particularmente da Câmara Municipal de Évora na condução deste processo» e «destacamos o apoio crescente sentido no concelho e na região, da adesão de instituições e das mais diversas expressões culturais, assim como de organizações internacionais», salientaram, frisando que «este importante projecto estruturante para o desenvolvimento de Évora e do Alentejo não está desligado da visão que a Cultura deve assumir para o desenvolvimento e crescimento humano e da sociedade enquanto pilar da democracia». Esta «justa vitória» celebra igualmente «o papel de destaque que a cultura, as estruturas, as associações, os criadores e as gentes da cultura em geral e este povo alentejano sempre assumiram desde o 25 de Abril de 1974 no projecto de desenvolvimento deste território», concluíram.

Intervenção de qualidade
Também a Comissão Nacional do PCP para as questões da Cultura considerou que o resultado está «intrinsecamente ligado ao trabalho realizado pela CDU ao longo de dezenas de anos, nomeadamente no plano cultural», uma intervenção de «grande qualidade» que, em 1986, «contribuiu decisivamente» para que a UNESCO classificasse Évora Património Mundial da Humanidade. «Uma trabalho nem sempre acompanhado ao mesmo nível pelos sucessivos governos, mais preocupados num processo de desvalorização da cultura, que os recentes resultados do concurso de apoio Artes confirmam», acusa o PCP.

Assim, Évora e a sua Câmara Municipal «dão, de novo, expressão viva e concreta ao projecto que a Constituição da República consagra – a cultura como componente central da democracia – elemento indissociável de um povo e de um País culto, avançado, soberano e desenvolvido», sublinha do Partido.

 

CDU quer verdadeira aposta na democratização da cultura em Braga

Recentemente, os quatro municípios envolvidos na candidatura a CEC propuseram ao Governo que se dê continuidade e aproveitamento, de forma rotativa nos próximos anos, aos projectos desenvolvidos até agora, criando o estatuto de Capital Portuguesa da Cultura às demais cidades finalistas.

Segundo a CDU, o processo de candidatura de Braga «veio confirmar a necessidade de uma verdadeira aposta na democratização da cultura, que defenda os agentes culturais locais e crie condições para um exercício alargado e acesso generalizado à cultura».

«A candidatura incluiu um trabalho de grande abrangência e envolvimento da comunidade, que identificou limitações existentes, a necessidade de investimentos em espaços, equipamentos e em apoios à criação artística, contribuindo para uma atenção maior à cultura, gerando expectativas que não podem ser frustradas», destaca a CDU.

Da candidatura e pela primeira vez em Braga resultou também «a definição e apresentação pública de uma estratégia municipal para a actividade cultural com o horizonte em 2030», documento que, segundo a CDU,«não pode ser desaproveitado por falta do título europeu, antes, deve ser um guião estrutural para a concretização das políticas de que Braga necessita».

 



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