Sobre a substituição de Jerónimo de Sousa como Secretário-geral do PCP
O PCP divulgou, no sábado à noite, uma nota sobre a substituição de Jerónimo de Sousa como Secretário-geral do Partido, que publicamos na íntegra:
«Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, no prosseguimento de uma avaliação própria, reflectindo sobre a sua situação de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que assume, colocou a questão da sua substituição nas funções que desempenha, mantendo-se como membro do Comité Central do PCP. Destaca-se, neste momento, a grande dedicação e empenho com que assumiu estas elevadas responsabilidades, por um longo período, exemplo de compromisso com o ideal e projecto do PCP, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País, da paz, da amizade e solidariedade entre os povos, bem como a disposição de prosseguir a sua acção militante.
«No seguimento da questão colocada, que se compreende face à situação concreta, e concluída a devida auscultação, o Comité Central do PCP terá uma reunião no próximo sábado, 12 de Novembro, após o primeiro dia dos trabalhos da Conferência Nacional «Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências», em que será feita a proposta da eleição de Paulo Raimundo para Secretário-Geral do PCP.
«Paulo Raimundo é de uma geração mais jovem, com um percurso de vida marcado por uma experiência diversificada, com capacidade, inserção no colectivo, preparado para uma responsabilidade que associa a dimensão pública à ligação, contacto e identificação com os trabalhadores e as massas populares e com o Partido, as suas organizações e militantes.
«O PCP, no quadro do seu funcionamento colectivo, com as responsabilidades individuais que lhe são inerentes, dotado das conclusões da Conferência Nacional, prosseguirá e intensificará a sua acção, afirmando a sua identidade e o seu compromisso com os trabalhadores, o povo e o País.»
Biografia de Paulo Raimundo
Paulo Raimundo tem 46 anos, é casado e tem três filhos.
É filho de trabalhadores naturais do concelho de Beja. Nasceu em Cascais, concelho onde os pais trabalhavam à época, como funcionários do Estoril Futebol Clube, em cujas instalações também residiam. Viveu em Setúbal a partir dos 3 anos, onde os pais se fixaram e trabalharam.
Paulo Raimundo frequentou a Escola Primária do Faralhão, freguesia do Sado, em Setúbal, uma escola construída durante a Revolução de Abril, na dinâmica do trabalho solidário e voluntário dos trabalhadores e populações da localidade. A sua infância é marcada pela vivência de rua e junto ao rio Sado. Desde muito novo acompanhou a mãe nos trabalhos que realizava na agricultura, nas limpezas e nas obras, e, num determinado período, passou efectivamente a trabalhar com a mãe, nomeadamente na apanha de marisco. Frequentou a tele-escola no 5.º e 6.º anos e a partir daí frequentou a escola Ana de Castro Osório, na Bela Vista, em Setúbal, onde fez o 7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade, e teve o primeiro contacto com dinâmicas associativas, de organização e de luta estudantis. Mais tarde ingressou no 10.º ano, na Escola Secundária da Bela Vista, num período em que a dinâmica estudantil em diferentes expressões é muito viva e a luta política é intensa. Participou em listas para a Associação de Estudantes, integrou a Associação de Estudantes e também a comissão de finalistas dessa escola. Passou à condição de trabalhador-estudante e acabou o seu percurso escolar finalizando o 12.º ano, a estudar à noite, na Escola Secundária D. Manuel Martins, também em Setúbal.
O período em que estudou e trabalhou permitiu contacto com diferentes realidades laborais e sociais. Trabalhou em carpintaria, foi padeiro e animador cultural na Associação Cristã da Mocidade (ACM) na Bela Vista. Realidades que lhe permitiram sentir as contradições do dia-a-dia, a realidade do trabalho mal pago, da exploração e da precariedade e, por outro lado, ter a vivência da camaradagem e da solidariedade entre os trabalhadores. A experiência enquanto animador cultural com crianças do bairro da Bela Vista foi marcante na sua formação pessoal e política. Este é um período em que simultaneamente à sua intervenção partidária, associa a participação num grupo de jovens de cariz cultural e lúdico. Cumpriu o Serviço Militar Obrigatório, primeiro em Vila Nova de Gaia e depois no Porto.
Aderiu à Juventude Comunista Portuguesa em 1991. Em 1995 passou ao quadro de funcionários da JCP. É membro do Partido desde 1994 e funcionário do Partido desde 2004. Foi membro da Direcção Nacional, da Comissão Política e do Secretariado da JCP.
Foi eleito na Assembleia Municipal de Setúbal.
Em 1996, no XV Congresso do PCP, foi eleito membro do Comité Central. No âmbito do XVI Congresso, em 2000, foi eleito para a Comissão Política do CC do PCP. No quadro do XVII Congresso do PCP foi novamente eleito para a Comissão Política e assumiu a responsabilidade da Organização Regional de Braga do PCP. Na realização do XX Congresso foi eleito para o Secretariado do Comité Central. Durante o XXI Congresso foi eleito para a Comissão Política e o Secretariado do Comité Central do PCP.
Paulo Raimundo associa qualidades humanas próprias a uma experiência densa e diversificada, um trabalho político em múltiplas áreas de organização e intervenção com responsabilidades pelo trabalho da juventude e da JCP, integração e direcção de organizações regionais, tarefas nas áreas sindical, de acompanhamento de sectores e empresas e dos serviços públicos, entre muitas outras. Um percurso de vida dedicado à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português, por um Portugal com futuro, pelo ideal e projecto comunistas.