Hoje, em Havana, o futuro

Ângelo Alves

A Solidariedade com Cuba é essencial

Tem início hoje em Havana, Cuba, o 22.º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO). Realizado pela primeira vez em Cuba e acolhido pelo Partido Comunista de Cuba, o EIPCO retoma as suas reuniões presenciais, interrompidas durante dois anos por força da pandemia da COVID-19.

Todos os anos, desde 1999, dezenas de Partidos Comunistas e Operários encontram-se para discutir a situação internacional, trocar informações, intercambiar análises e experiências e definir acções conjuntas ou convergentes.

Os Encontros Internacionais são preparados colectivamente. Essa responsabilidade recai sobre o Grupo de Trabalho do EIPCO, integrado por vários partidos, entre os quais o PCP. A reunião do Grupo de Trabalho que abordou a preparação do 22.º EIPCO, decidiu do local da sua realização e definiu o seu tema teve lugar em Lisboa em Março deste ano, organizada pelo PCP. Tal facto atesta mais uma vez do empenho dos comunistas portugueses em contribuir para este espaço de cooperação e solidariedade que reflectindo a grande diversidade de situações e reconhecendo naturais diferenças e mesmo divergências de opinião, deve acima de tudo valorizar o muito que une os partidos comunistas e operários e estimular a sua acção comum e convergente.

Esta 22.ª edição do EIPCO assume uma enorme importância. Desde logo porque, realizando-se em Cuba é uma valiosa contribuição dos comunistas cubanos para com este processo e simultaneamente uma importante expressão de solidariedade para com aquele heróico povo, a sua revolução socialista e o Partido Comunista de Cuba. Solidariedade tão mais importante quanto Cuba vive momentos exigentes decorrentes da intensificação do criminoso bloqueio económico, das conspirações e manobras de ingerência externa dos EUA contra Cuba, e das consequências de catástrofes como o incêndio nos depósitos de combustível de Matanzas ou o recente furacão Ian que causou enormes prejuízos.

Se a isso juntarmos uma situação internacional instável, complexa e perigosa, num Mundo claramente em mudança, percorrido por uma rearrumação de forças à escala mundial de enorme magnitude, à qual o imperialismo responde com mais exploração, guerra, ataques à democracia e soberania e promoção de forças reaccionárias e fascistas, então fica bem evidente a importância e responsabilidade deste Encontro.

Por ali passará a resposta a um capitalismo tão decadente como perigoso, que evidencia a urgência do alargamento da luta pela paz, anti-imperialista, pelos direitos dos trabalhadores e dos povos. E passará também a determinação dos comunistas e revolucionários de todo o Mundo de, num quadro de intensificação da luta de classes em que se multiplicam lutas um pouco por todo o globo, explorar as potencialidades de desenvolvimento da luta por transformações progressistas e revolucionárias. Num tempo de grandes mudanças que traz para a ribalta da História a importância e a actualidade do projecto do socialismo, o facto de o 22.º EIPCO se realizar em Cuba, terra de luta, resistência, conquista, esperança e perspectiva, tem um enorme simbolismo. O futuro passa nestes dias por Havana, e isso dá-nos muita confiança!




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