Setembro
Povos em diferentes continentes assinalam neste mês de Setembro acontecimentos históricos – avanços e recuos – lembrados hoje como marcos importantes nas suas lutas pela emancipação nacional e social.
No Chile, os chilenos recordaram, no dia 11, o 49.º aniversário do golpe de Estado fascista contra o governo de unidade popular, eleito democraticamente em 1970 e dirigido por Salvador Allende. O sangrento golpe, encabeçado pelo general Augusto Pinochet e apoiado pelo governo dos Estados Unidos da América, provocou milhares de vítimas e instaurou uma ditadura que se prolongou por 17 anos (1973-1990). Nesse período, registaram-se no país sul-americano 40 mil casos de lesa-humanidade, entre assassinatos, torturas, prisões e desaparecimento de pessoas. Na actualidade, o povo chileno procura aprovar uma Constituição da República que substitua a que está em vigor e que foi imposta pela ditadura. As forças progressistas celebraram pois o 11 de Setembro de 1973 repudiando com firmeza a ditadura e lutando com esperança por um Chile pacífico, democrático, desenvolvido.
Noutro continente, na Ásia, foi também em Setembro desse ano que o Vietname recebeu a visita de Fidel Castro, líder da Revolução Cubana, em plena guerra libertadora contra a agressão perpetrada pelos EUA. A sua presença no Vietname do Sul, bombardeado ferozmente pela aviação norte-americana, constituiu um feito audaz sem precedentes, recordam hoje cubanos e vietnamitas. Durante uma semana, entre 12 e 17 de Setembro de 1973, Fidel, acompanhado por altos responsáveis vietnamitas, incluindo o então primeiro-ministro Pham Van Dong – Ho Chi Minh já tinha falecido – esteve na linha da frente e foi nessa altura que assegurou que «pelo Vietname, estamos dispostos a dar até o nosso sangue». A amizade entre os povos vietnamita e cubano, entre os dirigentes dos dois Estados e do Partido Comunista do Vietname e do Partido Comunista de Cuba, amizade selada pela visita histórica de Fidel, mantém-se até hoje sem falhas.
Também em África, Setembro é tempo de celebração e de evocação.
Na Guiné-Bissau, as forças progressistas, apesar dos tempos sombrios que o país vive, comemoram em Setembro três datas fundamentais da sua história. No dia 12, passou o 98.º aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, líder da luta de libertação nacional da Guiné e de Cabo Verde. A 19, assinalam-se os 66 anos da fundação do PAIGC, o partido da independência dos dois países. E, a 24, completam-se 49 anos da proclamação do Estado da Guiné-Bissau, no Boé, ainda em plena guerra de libertação contra o colonialismo português. Esse 24 de Setembro de 1973, quase com meio século, foi um acontecimento extraordinário na luta dos povos africanos: o nascimento, sob bombas, de um Estado com o território parcialmente ocupado por uma potência estrangeira.
De igual modo, Angola está em festa neste Setembro. A começar um novo ciclo político, com a posse dos seus dirigentes recentemente eleitos, os angolanos comemoram no próximo dia 17 o centenário de Agostinho Neto. Médico e poeta, combatente antifascista e anticolonialista, revolucionário patriota e internacionalista, amigo sincero do povo português, construtor da independência de Angola, seu primeiro presidente da República, fundador da nação angolana, a sua vida e a sua luta heróica são devidamente evocadas nesta edição do Avante!.