Fenprof reclama aumento salarial mínimo de 10%
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defende um aumento salarial mínimo de 10%, tendo em conta a inflação e a perda do poder de compra. «Tudo o que for abaixo dos 10% é roubo», considerou o seu secretário-geral, Mário Nogueira, que falava no dia 1 em conferência de imprensa destinada a assinalar o regresso dos professores às escolas para preparar o próximo ano lectivo.
Dando um particular enfoque à questão do agravamento do custo de vida, o dirigente sindical dos professores considerou que um «aumento salarial, do ponto de vista reivindicativo, que seja inferior a 10% é impossível», uma vez que, frisou, «temos uma inflação de 9,1%», segundo os mais recentes dados estatísticos revelados pelo INE.
«Entre 2010 a 2021 a perda, sem ter em conta tudo aquilo que são as necessidades de compras das pessoas, foi de 14%. Se entrarmos com a parte da habitação atinge os 20%», recordou Mário Nogueira, mostrando o nível de redução do poder de compra dos professores no espaço de uma década.
Por outro lado, não deixou também de lembrar que «nos últimos 12 anos houve apenas duas actualizações, uma de 0,3% e outra de 0,9%», pelo que é preciso «aumentar os salários em linha com a inflação», insistiu, dada a «desvalorização brutal dos salários» registados nos últimos anos.
E aproveitou para deixar um alerta, caso a situação salarial se mantenha inalterada: haverá «muita gente que não vai poder ir trabalhar porque não tem dinheiro para o fazer».
Problemas que persistem
O dirigente da Fenprof abordou ainda outras matérias que têm impacto no ordenado dos professores. É o caso das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões, que impedem a progressão de milhares de docentes, ou a recuperação do tempo de serviço que foi congelado durante o período da troika.
«É necessário contar integralmente o tempo de serviço» e «acabar com os bloqueios na progressão na carreira», afirmou Mário Nogueira, observando que muitos professores «já estariam no topo da carreira» se não existissem aqueles «dois entraves».
Das «condições de trabalho difíceis e horários com abusos e ilegalidades» falou ainda o dirigente sindical, lamentando que os professores no regresso às escolas tenham de voltar a debater-se com tais «problemas de anos passados».
Todas estas questões serão analisadas em reuniões que representantes da Fenprof terão no decurso deste mês com responsáveis do Ministério da Educação, esperando-se que delas saia o estabelecimento de prazos para que possam ser corrigidas.
Na perspectiva de Mário Nogueira, o «Orçamento do Estado de 2023 terá de prever as primeiras medidas, não sendo tolerável que continuem a ser adiadas».