Enfermeiros em «Hospital de Praia» sensibilizam e alertam

«Os enfermeiros cuidam da população, mas também precisamos que cuidem de nós», alertou o SEP/CGTP-IN, na sexta-feira, 29, em Oeiras, para evidenciar a importância destes profissionais e do SNS.

O Governo continua sem resolver problemas que se têm vindo a agravar

Na saída do túnel de acesso à praia de Santo Amaro de Oeiras, ao final da manhã, dirigentes e activistas do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses distribuíram à população garrafas de água, bonés, conselhos para protecção do calor e um folheto sobre os problemas mais sentidos pelos profissionais de Enfermagem, sublinhando que «a nossa luta é a luta de todos». Assim funcionou o «Hospital de Praia».

O SEP estima que faltem cerca de 20 mil enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde, para responder às necessidades. «É preciso criar condições de trabalho e uma carreira digna, para que os enfermeiros possam ser atraídos para o serviço público», disse Isabel Barbosa à agência Lusa, no local.

Para esta dirigente sindical, a falta de profissionais é mesmo o principal problema que hoje se coloca. Ele está na origem dos ritmos de trabalho alucinantes. Por outro lado, a falta de valorização da profissão – exemplificada com os vários anos de luta dos enfermeiros pela integral contagem do tempo de serviço, para efeitos de progressão na carreira – tem como resultado que muitos profissionais vão procurando melhores condições, fora do SNS ou mesmo fora do País, criando uma grande rotatividade nas equipas de trabalho, explicou Isabel Barbosa.

Ao anunciar esta iniciativa, o SEP alertou ainda para outro efeito da carência generalizada de enfermeiros, há vários anos por colmatar: o cada vez mais acentuado e generalizado recurso a horas extraordinárias.

Admitindo que o Governo «reconhece o esforço e a dedicação dos enfermeiros», o sindicato salienta que ele «continua sem resolver problemas que se têm vindo a agravar».

Foram reiteradas as reivindicações que têm mobilizado o SEP e os enfermeiros em iniciativas nas ruas e junto de vários hospitais, designadamente:

– justa contagem de pontos para efeitos de progressão a todos os enfermeiros;

– uma carreira única, que valorize todos os enfermeiros e elimine injustiças e desigualdades;

– urgente contratação de enfermeiros com vínculo efectivo;

– medidas de compensação do risco e penosidade da profissão, nomeadamente através da aposentação mais cedo.

 

Inadmissível precarização

No Centro Hospitalar do Oeste (CHO), voltam a estar enfermeiros em risco de despedimento, porque o Governo continua sem autorizar a sua continuidade – protestou ontem o SEP.

Numa nota da direcção regional de Leiria do sindicato, recorda-se que esta situação motivou uma acção de denúncia pública, junto do Hospital de Caldas da Rainha, a 28 de Abril. Em causa estavam 15 enfermeiros contratados. No dia seguinte a esse protesto, estes receberam a comunicação da renovação dos contratos por quatro meses, até ao final de Agosto.

No dia 25, o SEP denunciou novamente esta situação. Ora, protesta o sindicato, «face ao inadmissível impasse do Governo», a administração do CHO propôs contratos por avença, ou seja, falsos recibos verdes, que ainda precarizam mais a situação laboral dos enfermeiros e «já provocaram uma saída da instituição».

Para o SEP, «esta recorrente situação nas instituições públicas é inadmissível, não só pela não vinculação definitiva destes colegas, mas também pela crónica falta de enfermeiros (e de outros profissionais), que não permitem salvaguardar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), e consequentemente, a adequada resposta assistencial aos utentes».

O sindicato afirma que, «apesar da demissão apresentada pela ministra Marta Temido, a responsabilidade é do Governo e passa por uma urgente e necessária política de investimento e reforço das instituições do SNS».

 



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