De Madrid para o mundo: Não à NATO, não às guerras, pela paz

Realizou-se em Madrid, no domingo, 26, uma manifestação com milhares de pessoas pela paz e contra a Cimeira da NATO, que decorre na capital espanhola e termina hoje, 30.

A NATO é, desde sempre e cada vez mais, uma organização agressiva

Com o lema «Não à NATO – Não às guerras – Pela paz – Bases fora – Não ao orçamento militarista», a manifestação foi promovida por organizações do movimento da paz de Espanha, que apelam à dissolução da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), considerando-a como uma grave ameaça à paz mundial. Sob apertada vigilância policial, os manifestantes desfilaram entre a estação de Atocha e a Plaza de España.

Na manifestação participou João Pimenta Lopes, deputado do PCP no Parlamento Europeu. «Aqui estamos, juntando vozes contra a escalada de guerra e confrontação, contra as sanções, em defesa da paz, do diálogo, da solução negociado dos conflitos, de acordos que garantam a segurança e a cooperação nas relações internacionais», afirmou, através do Twitter. E mais: «O agravamento da guerra está a ser usado para branquear responsabilidades dos EUA, da NATO e da União Europeia, e suas políticas que se continuam a anunciar nesta cimeira: mais dinheiro para o militarismo e guerra, mais armas, reforço de parcerias belicistas, o militarismo como a norma nas relações internacionais. A NATO não é uma organização defensiva como a história o permite evidenciar – lembremos as agressões à Jugoslávia, Afeganistão, Líbia. A NATO é uma ameaça à paz mundial». João Pimenta Lopes defendeu que «a solução política dos conflitos não deve ser substituída pela escalada da guerra, da confrontação, das sanções. Sanções que penalizam os povos, atingidos com o brutal aumento do custo de vida, que vêem atacados direitos, ao mesmo tempo que os grupos económicos acumulam milhões de lucros».

De Portugal, participaram na manifestação delegações do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e da Juventude Comunista Portuguesa (JCP) e uma representante do Movimento Democrático de Mulheres (MDM).

À Lusa, Gonçalo Francisco, dirigente da JCP, disse que os jovens comunistas portugueses – que entoaram no desfile a palavra de ordem «Para a guerra milhões, para os povos só tostões» – estão «profundamente convictos de que a guerra não serve os povos nem a juventude e é preciso denunciar o papel que a NATO tem». Condenou a intenção do Governo português de aumentar as despesas «para o negócio do armamento» quando «a juventude passa por tantas dificuldades» e «há carências, por exemplo, na saúde».


Cimeira é «acrescida ameaça à paz e à segurança»

A Cimeira da NATO, que hoje termina em Madrid, representa «uma acrescida ameaça à paz e à segurança na Europa e no mundo». Quem o afirma é o Conselho Português para a Paz e Cooperação, numa nota emitida na terça-feira, 28.

Alertando para a grave situação que se vive actualmente, o CPPC lembra as «décadas de alargamento da NATO e de avanço das suas bases e contingentes militares, frotas navais, exercícios militares cada vez mais próximos da Federação Russa», que, aponta, «estão na origem do conflito que hoje se verifica e agrava». É, assim, «urgente inverter o rumo de militarismo e confrontação que há muito é fomentado pela NATO».

Relativamente à Cimeira e aos seus objectivos, o Conselho Português para a Paz e Cooperação denuncia a acentuação do rumo belicista, a reafirmação e concretização de decisões há muito adoptadas e «novos passos na instigação da escalada de guerra e de confrontação, em que os EUA apostam, utilizando agora como pretexto a guerra na Ucrânia».

Em causa estão «graves aspectos» como o significativo aumento das despesas militares e a corrida aos armamentos; a militarização da União Europeia como pilar europeu da NATO; o alargamento da NATO para o Leste da Europa, incluindo à Suécia e à Finlândia; o reforço dos meios militares da NATO, nomeadamente nessa região; a instigação e prolongamento da guerra na Ucrânia. Orientações e medidas que «evidenciam o incremento da estratégia da Administração norte-americana de cerco e desgaste da Rússia». É ainda revelador que NATO e UE fomentem a escalada belicista e imponham mais sanções, ao mesmo tempo que fecham «qualquer caminho de diálogo com vista à solução negociada do conflito na Europa», sublinha o CPPC.

Grave é ainda, para o CPPC, a participação do Japão, da Austrália, da Nova Zelândia e da República da Coreia na Cimeira, que «ambiciona potenciar a NATO como um bloco político-militar de âmbito mundial, nomeadamente reforçando qualitativamente as parcerias militares com estes países da Ásia-Pacífico, apontando a China e a Rússia como alvo».

O caminho da paz

O Conselho Português para a Paz e Cooperação critica ainda o Governo português pelo alinhamento com a «perigosa escalada belicista dos EUA e da NATO, que comporta imensos perigos para os povos da Europa e do mundo e é contrária à aspiração à paz do povo português».

Considerando a dissolução da NATO «um imperativo para a salvaguarda da paz na Europa e no mundo, para a construção de um sistema de segurança colectiva assente nos princípios da Carta das Nações Unidas e da Acta Final da Conferência para a Segurança e Cooperação Europeia», o CPPC lembra os princípios consagrados no artigo 7.º da Constituição da República: «Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.»

É este, assume, o caminho que interessa à paz e é por ele que o CPPC se bate.

 



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