Paz, justiça social e a defesa do ambiente prioridades do novo governo na Colômbia
Gustavo Petro, candidato da coligação progressista Pacto Histórico, venceu a segunda volta da eleição presidencial na Colômbia. Tornou-se o candidato mais votado na história do país, ultrapassando os 11,2 milhões votos.
Gustavo Petro, candidato do Pacto Histórico, ganhou as eleições presidenciais
O novo presidente da República da Colômbia toma posse a de 7 de Agosto, para um mandato até 2026. Será o primeiro presidente de esquerda no país e terá como vice-presidente Francia Márquez, a primeira afro-descendente a ocupar o cargo.
No primeiro discurso como presidente eleito, Gustavo Petro afirmou que «este é um dia histórico, estamos a escrever uma nova era para a Colômbia e a América Latina. (…) Os mais de 11 milhões de eleitores apostaram por uma mudança de verdade, não vamos atraiçoar esse eleitorado, a partir de hoje a Colômbia muda, é outra».
Petro antecipou que o seu «Governo para a Vida» terá três grandes prioridades: a paz, a justiça social e a defesa do ambiente.
Assegurou que a mudança, a esperança, o amor e todo o esforço feito para ganhar nas urnas não fariam sentido no país sem a paz. Isto «significa que não vamos, a partir deste governo, utilizar o poder para destruir o opositor. Significa que perdoamos. Significa que a oposição que teremos, sob a liderança de quem quer que seja (…) será sempre bem-vinda no Palácio de Nariño para dialogar sobre os problemas da Colômbia», insistiu.
Expressou que haverá oposição, indubitavelmente, talvez férrea e tenaz, mas a partir do novo governo não haverá perseguição política ou jurídica, só haverá respeito e diálogo. «E assim poderemos construir o que há alguns dias chamámos o Grande Acordo Nacional, que já começou a ser construído entre os 11 milhões de colombianos [seus eleitores], mas que terá de ser entre os 50 milhões, entre toda a sociedade», asseverou.
Explicou que o Grande Acordo Nacional que defende deve começar a construir-se a partir do diálogo regional vinculativo, significando que o que for decidido regionalmente para acabar com os conflitos violentos, para construir a prosperidade regional, torna-se norma, torna-se obrigatório e cumpre-se. Serão diálogos regionais que permitam olhar para o conflito armado na Colômbia na sua especificidade histórica e tenham em conta a diversidade no país, envolvendo não só quem pegou em armas mas também os camponeses, os indígenas, as mulheres, os jovens.
O presidente eleito garantiu que procurará desenvolver uma economia produtiva que gere emprego e potencie o desenvolvimento do país. «Se queremos redistribuir, teremos de produzir no campo, ter indústria na base do conhecimento, que é o que produz no século XXI, produzir de forma equilibrada de modo a que a natureza não seja afectada, o que significa justiça ambiental», a juntar a outras bandeiras como justiça social e paz.
Mensagens de felicitações
Petro recebeu mensagens de felicitações de todo o mundo, em especial da América Latina. Os presidentes de Cuba, Miguel Díaz-Canel; do México, Andrés Lopez Obrador; da Venezuela, Nicolás Maduro; do Peru, Pedro Castillo; do Chile, Gabriel Boric; e da Bolívia, Luís Arce, saudaram o triunfo de Gustavo Petro, cada um pondo ênfase em questões como o avanço do progresso, da paz e da integração latino-americana ou da vontade de reforçar os laços de amizade e cooperação entre os seus povos e o povo colombiano. Também o candidato presidencial Lula da Silva, do Brasil, saudou a vitória, que no seu entender fortalece a democracia e as forças progressistas.
De acordo com dados oficiais, os candidatos do Pacto Histórico, Gustavo Petro e Francia Márquez, respectivamente a presidente e vice-presidente da Colômbia, venceram a segunda volta das eleições com mais de 11,2 milhões de votos (50,44 por cento dos votos válidos). Os seus adversários, Rodolfo Hernández e Marelen Castilho, conseguiram 10,5 milhões de votos (47,31 por cento), uma diferença de 700 mil votos.
Tanto Hernández como o presidente cessante, Iván Duque, felicitaram o vencedor. Dentro de dias, Duque vai reunir-se com o novo chefe do Estado colombiano para «iniciar uma transição harmoniosa, institucional e transparente», disse.
PCP saúda a vitória de Gustavo Petro nas eleições presidenciais na Colômbia
O PCP divulgou, no dia 20, através do seu Gabinete de Imprensa, a seguinte nota de imprensa:
«A vitória nas eleições presidenciais da Colômbia de Gustavo Petro, o candidato da coligação progressista Pacto Histórico, reveste-se de um grande significado político.
A derrota dos candidatos da tenebrosa oligarquia colombiana e do imperialismo norte-americano representa a derrota do “uribismo”, um sistema de poder criminoso, que há décadas transformou a Colômbia num paraíso do narcotráfico e numa plataforma de agressão dos EUA contra os povos da América Latina e, nomeadamente, contra a Venezuela bolivariana.
Na sequência de décadas de corajosas lutas populares, em que muitos milhares de colombianos pagaram com a vida a sua resistência face a uma violenta repressão e o seu combate pela liberdade, a justiça e o progresso social, abre-se finalmente a perspectiva de concretização das mais justas aspirações dos trabalhadores e do povo colombiano, nomeadamente a concretização dos Acordos de Paz de Havana.
O resultado alcançado pelo Pacto Histórico representa não só uma vitória para o povo colombiano, como para a luta dos povos da América Latina pelos seus direitos e soberania.
Saudando Gustavo Petro pela sua eleição como Presidente da Colômbia, o PCP saúda simultaneamente o Partido Comunista Colombiano e demais forças participantes do Pacto Histórico e reafirma-lhes a solidariedade dos comunistas portugueses perante quaisquer tentativas de pôr em causa a sua histórica vitória eleitoral e política e para com a sua acção em prol da democracia, do progresso social e da paz.»