Rússia e União Africana discutiram situação alimentar
O presidente do Senegal e da União Africana, Macky Sall, reuniu-se com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e apelou a que sejam levantadas as sanções impostas à Rússia, pelos EUA e a UE, em especial as medidas coercivas que afectam a exportação de trigo e fertilizantes.
As sanções dos EUA e UE contra a Rússia devem ser levantadas
Lusa
Durante o encontro, realizado no dia 3, na cidade russa de Sochi, junto do Mar Negro, o dirigente africano referiu-se à necessidade dos EUA e da UE levantarem as sanções contra a Rússia no campo dos fornecimentos internacionais de cereais e fertilizantes – e que são igualmente impostas contra a Bielorrússia, um dos principais países produtores de fertilizantes no mundo.
«As sanções contra a Rússia agravaram a situação do abastecimento de cereais e fertilizantes aos países africanos. (…) E isso provoca consequências em termos da segurança alimentar do continente», enfatizou Macky Sall.
Acompanhado pelo presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, o dirigente senegalês destacou a relação que existe entre a Rússia e os países da África, recordando que a nação euro-asiática «desempenhou um papel tremendo na independência do continente africano e isto nunca será esquecido».
Anteriormente, a União Africana informou que a visita se enquadra nos esforços da sua presidência visando «contribuir para uma trégua do conflito na Ucrânia e para a libertação das reservas de cereais e fertilizantes, cujo bloqueio afecta especialmente os países africanos».
Neste encontro, a Rússia afirmou que hoje cresce o papel da África na cena internacional e sublinhou o interesse do seu país em ampliar as relações com os países desse continente. «Cremos que a África no seu conjunto e os seus Estados individualmente, com os quais mantemos, sem exagerar, muito boas relações amistosas, têm enormes perspectivas», considerou o presidente russo.
Segundo um comunicado do Kremlin, os presidentes discutiram temas das relações entre a Rússia e a União Africana, incluindo a ampliação do diálogo político, bem como a cooperação económica e humanitária entre Moscovo e os países do continente.
O encontro teve lugar no meio de uma crise alimentar em África e servirá para estabelecer mecanismos de cooperação nesse quadro, pormenorizou o gabinete da presidência russa.
Na actualidade, Rússia e Ucrânia garantem mais de 40 por cento das importações africanas de trigo, embora em países como Ruanda, Tanzânia e Senegal essa percentagem ascenda a 60 por cento. No Egipto é mais de 80 por cento. E Benim e Somália importam de Moscovo e Kiev 100 por cento das suas necessidades de trigo.
Lula critica Biden
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou o pacote multimilionário de «auxílio» dos EUA para a compra de armas pela Ucrânia, envolvida num conflito com a Rússia.
«Não é possível que o presidente Biden, que nunca fez um discurso para dar um dólar aos que morrem de fome em África, anuncie 40 mil milhões de dólares para ajudar a Ucrânia com armas. Não é possível», afirmou Lula durante um acto em defesa da soberania nacional, em Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.