Portugal celebrou 77 anos da Vitória
A Associação Iúri Gagárin assinalou o 77.º aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo numa sessão em Lisboa, no dia 8, com largas dezenas de pessoas, entre elas muitas originárias da Rússia, Ucrânia, Moldova e outros países do Leste europeu.
A luta pela paz e contra o fascismo continua plenamente actual
O programa começou com canções de «alegria, com lágrimas nos olhos» (parafraseando a muito popular composição Dia da Vitória, que antes fora exibida em vídeo, com legendas em português). Além de canções, também houve poesia e um breve concerto de piano.
Foi exibido um depoimento, em vídeo, de Mikhail Gordon, que tinha 12 anos e vivia na República Socialista Soviética da Bielorússia, quando a Grande Guerra Patriótica começou. Relatou como perdeu a família, lembrou os bárbaros crimes que presenciou, contou como combateu na Resistência. Lamentou o ressurgimento de forças nazi-fascistas, que julgava vencidas para sempre.
A sessão terminou com um debate sobre a «Importância e actualidade da luta antifascista e pela paz», que contou com a participação de Gustavo Carneiro, jornalista, e de Levy Baptista, presidente da Associação Iúri Gagárin. Em análise estiveram aspectos históricos, relacionados com a Segunda Guerra Mundial, a natureza do nazi-fascismo, e a evolução contraditória no pós-guerra, simultaneamente marcada por impressionantes conquistas das forças do progresso e da paz como por novas ameaças, nomeadamente os bombardeamentos nucleares norte-americanos sobre Hiroxima e Nagasáqui e a criação da NATO.
Mas foi de actualidade que sobretudo se falou: de propaganda de guerra e das tentativas de imposição de um pensamento único; das ameaças à paz resultantes de décadas de militarização e alargamentos da NATO e do cerco militar à China, agravado recentemente com a criação do AUKUS; da utilização pelo imperialismo de forças xenófobas, fascistas e neonazis para servir a sua agenda de domínio; da resistência que Estados, partidos políticos e organizações e movimentos sociais opõem às agressões e imposições imperialistas.
Construir a paz, concluiu-se, implica mobilização e convergência em torno de objectivos claros, consagrados na Carta das Nações Unidas, na Acta Final da Conferência de Helsínquia sobre Segurança e Cooperação na Europa e na Constituição da República Portuguesa: o desarmamento geral, simultâneo e controlado; a dissolução dos blocos político-militares; o respeito pela soberania e integridade dos Estados; o fim do colonialismo, do imperialismo e de todas as formas de domínio e exploração.
URAP e CPPC evocam
Também a União de Resistentes Antifascistas Portugueses assinalou a data, com um comunicado em que sublinha as «condições muito particulares» em que se celebra este ano o Dia da Vitória: a guerra que se trava no Leste europeu «corre agora o risco de atingir proporções alarmantes e mesmo de tornar-se num conflito mundial, dadas as forças em presença», ao mesmo tempo que os «ultraliberais e neofascistas» assumem um peso cada vez maior nas «estruturas políticas de muitos países da Europa e do mundo».
A URAP apela «ao fim da guerra, na Europa e em outros pontos do globo» e afirma que a «construção de um Mundo mais justo, solidário e de paz continua hoje, 77 anos depois da Vitória sobre o nazi-fascismo, a estar na ordem do dia e a ser defendido por milhões de seres humanos».
Já o Conselho Português para a Paz e Cooperação realça, em comunicado, os «milhões de seres humanos entregaram as suas vidas, sendo de toda a justiça sublinhar a ímpar e decisiva contribuição da URSS e do seu povo, que pagaram o preço mais alto» para que o nazi-fascismo fosse derrotado. Esta derrota, assim como os avanços alcançados na emancipação social e nacional, levou à expectativa de que surgisse então uma «paz mundial plena e duradoura, assente num sistema de segurança colectiva», o que não aconteceu.
O CPPC considera que, apesar dos riscos actuais, «a paz é possível» e a Humanidade «saberá encontrar o caminho para evitar uma nova catástrofe e estabelecer o primado da solidariedade, da cooperação, do progresso social em todo o mundo».
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