Dividendos ruinosos
A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal considera que «a administração deve rever a política de dividendos de uma forma ajustada à realidade da empresa/grupo [Galp Energia] e do mercado, de modo a garantir o seu futuro». A preocupação foi manifestada em comunicado, divulgado a 27 de Abril, e é oportuna dada a aproximação de nova assembleia-geral, convocada justamente para apreciar a proposta de distribuição de dividendos.
Ora, explica a CCT, se no passado recente (2020, 2021)o bodo aos accionistas foi feito sem critério e teve como resultado um aumento da dívida líquida da Petrogal em mais de 900 milhões de euros, este ano, a questão é ainda mais grave, uma vez que foi a própria administração da empresa quem introduziu normas sobre a matéria que, neste momento, pretende não cumprir.
«A administração não cumpriu o rácio de dívida líquida nem a regra do dividendo global ser inferior a um terço do cash flow das actividades operacionais. Mais grave, alterou esta última de forma a colocar o cash flow operacional ajustado como referência e forçou a atribuição de um dividendo extraordinário no valor de 150 milhões de euros, a somar aos 50 cêntimos por acção. Ao todo 564 milhões de euros», refere ainda a CCT, para quem a administração da Petrogal «pretende obviar a verdade dos números e não justifica a distribuição de dividendos extra» e «os accionistas estão a viver acima das nossas possibilidades».