Aprofundar a ligação às massas: tarefa de todo o Partido

João Frazão (Membro da Comissão Política)

Das mais importantes lições que a centenária história do Partido no ensina é que a sua força reside sempre na ligação às massas populares, aos trabalhadores, aos explorados, à juventude, às mulheres, a todas as camadas antimonopolistas.

Confiar na energia criadora das massas, na sua força

Foi assim ao logo de toda a longa noite fascista, em que a cada nova vaga da ofensiva contra organizações do Partido, e contra a sua direcção, golpeando-as de forma muito funda, a orientação era sempre falar com outros trabalhadores, com mais democratas, debatendo com eles os seus problemas, envolvendo-os e intensificando a acção do Partido em sua defesa.

Sabendo que é na luta que se projectam novas energias e se forjam os melhores quadros, a promoção de uma jornada de luta, de uma greve, ou de uma outra forma mais simples de acção reivindicativa, era sempre o momento em que a organização do Partido se reforçava e retomava as suas tarefas.

Foi assim em cada curva, em cada dificuldade, em cada sobressalto da nossa vida colectiva, mas foi também assim nos períodos de grande avanço, de que os luminosos tempos da Revolução de Abril são um extraordinário e eloquente exemplo.

Com as massas disponíveis para reclamar direitos que antes lhes pareciam muito distantes, para construir um País novo das cinzas do fascismo, coube ao Partido, às suas organizações, dirigir essa força que Abril fez libertar. Numa realidade em que a acção do Partido se confundia com a acção das massas, em que a proposta, a iniciativa e a orientação do Partido eram a força motriz dessa mesma acção.

Nos tempos que correm, esse é um grande desafio, uma grande tarefa que o Partido tem pela frente, aproveitando o extraordinário exemplo do que já fizemos neste 25 de Abril e no 1.º Maio.

Organizar a luta

Já sabemos que a ofensiva aponta hoje à limitação de direitos e liberdades, para acentuar a exploração e a concentração da riqueza, e visa atingir a própria democracia, tendo conteúdos anticomunistas muito vincados, almejando criar a dúvida, desestabilizar, enfraquecer e condicionar a nossa acção.

Mas sabemos também que os problemas dos trabalhadores e do povo estão a agudizar-se a cada dia que passa.

Com o custo de vida a aumentar até aos limites do insustentável, o papel do Partido, de cada um dos seus militantes, é mobilizar as populações para o combate à especulação, que está evidente há vários meses. Com a degradação do poder de compra dos trabalhadores, a tarefa dos comunistas é organizá-los para a luta pelo aumento geral dos salários, pelos horários e pelas condições de trabalho. Com as baixas pensões e reformas que são severamente atingidas pela inflação galopante, é hora de trazer mais e mais reformados para a acção com o objectivo de um aumento extraordinário para todos os pensionistas que assegure a reposição do seu poder de compra. Com as evidentes dificuldades do Serviço Nacional de Saúde, o que se coloca é chamar mais utentes a essa batalha central pela sua defesa. Com mais e mais jovens casais a encontrarem obstáculos para garantir o direito à habitação, o papel que temos pela frente é trazê-los para, connosco, o reivindicarem.

E isso é válido para os estudantes que não possam pagar propinas ou não encontrem alojamento, para os pequenos e médios agricultores e empresários que tenham as suas actividades em risco, para as mulheres que exigem igualdade na lei, no trabalho e na vida.

Caminho a seguir

É essa a tarefa. Falar com cada um com a segurança de quem tem um caminho, uma proposta e uma política alternativa que responderia aos seus problemas.

Mobilizar com a persistência, de quem sabe que só a organização e a luta farão avançar a sociedade e trarão as rupturas que são indispensáveis a um futuro de progresso.

Alargar a unidade com todos os democratas e intervir no MSU, nas colectividades, no movimento associativo e cultural.

Conversar com a confiança de quem esteve, em todos os momentos e particularmente no actual momento histórico, do lado certo da história, do lado da verdade, da justiça social e da paz.

Confiar na energia criadora das massas, na sua força, e no que ela vai trazer de positivo para o reforço do Partido, com mais militantes e com futuros quadros e dirigentes.

É este o caminho a seguir.




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