Acabar com a guerra ou atacar o PCP?

Ângelo Alves

Vários «cronistas» têm dedicado parte do seu precioso tempo a uma actividade muito em voga: o tiro ao PCP a pretexto da guerra.

E pelos vistos vale tudo. Fernanda Câncio chegou ao ponto de adulterar dados da ONU para vender a tese de que o PCP inventou os 15 mil mortos da guerra no Donbass. Já Ana Sá Lopes, usando a táctica da manipulação e truncagem de textos produzidos pelo PCP ou seus dirigentes, desfia uma «análise» que conflui na tese de que o PCP nega a realidade; é «putinista» porque não está de acordo com a decisão do Parlamento de convidar Zelensky; e mais uma vez está do lado errado da História, pelos vistos, na sua opinião, desde que existe e afirma a sua natureza de classe.

Quanto a Câncio, basta consultar as fontes que esta afirma não terem sido consultadas pelo PCP para perceber que ou mente ou não sabe ler relatórios da ONU. Já a «análise» de ASL padece do velho problema de ignorar questões factuais. Para ASL, parece que não importa que a jovem grávida do «massacre numa maternidade» tenha afirmado que foi contratada para uma montagem; que o «centro comercial» alvo de um ataque russo estivesse encerrado e transformado num depósito de armamento e numa plataforma de lançamento de rockets; que peritos militares afirmem que o míssil do «massacre russo» de Bucha é ucraniano e foi disparado a 45km a Oeste da localidade, zona controlada pelo lado ucraniano; ou que a noticiada «vala comum» de Busova afinal não exista.

Para o(a)s snipers da «verdade absoluta», não existe direito ao contraditório, e quem o tenta trazer para o debate é trucidado. Veja-se a ditadura de opinião sobre o convite a Zelensky falar na Assembleia da República. É ou não é discutível que o PCP se recuse a dar palco em Portugal ao mais alto responsável de um poder que: persegue comunistas no seu país; suspendeu 11 forças políticas; mandou prender dirigentes da Juventude Comunista da Ucrânia; tem batalhões neonazis incorporados no seu exército; destrata governos porque os milhões de milhões de armamento que já recebeu ainda não são suficientes e aproveita a tour digital para promover neonazis, tal como aconteceu na Grécia?

Por mais que se tente esconder esse facto, o PCP está do lado da paz. Já Câncio e a directora adjunta do Público parecem estar mais preocupadas em atacar o PCP do que acabar com a guerra.




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