Bucha, onde está a verdade?
Desde o passado domingo e até à data da redacção destas linhas, os «media ocidentais» repetem incessantemente as imagens dos cadáveres de Bucha afirmando, sem contraditório, a tese de um «massacre» perpetrado pelas forças militares russas que saíram da localidade no dia 30 de Março. É uma evidência que é necessária uma investigação profunda, detalhada e independente, sobre o que de facto ali se passou, sob pena de a «verdade» ser mais uma das vítimas deste crime. E por isso importa levantar algumas questões que carecem de explicação na narrativa dominante do «massacre russo».
Perante um crime tão grave, porque é que a Grã-Bretanha recusou por duas vezes o pedido da Federação Russa para que o Conselho de Segurança da ONU reunisse de urgência logo no domingo (pedido reiterado na segunda-feira) para analisar o que de facto ali aconteceu? Porque é que as autoridades ucranianas, desde logo o mayor de Bucha, que retomaram o controlo da localidade no dia 31 de Março, nunca referiram, até ao dia 2 de Abril, a existência de cadáveres nas ruas, sobretudo se tivermos em conta que a segunda figura da autoridade local referiu, já depois de dia 3, que os cadáveres tinham ali estado cerca de um mês? E se assim fosse porque é que os cadáveres não apresentam quaisquer sinais de post mortem ou decomposição? E porque é que num vídeo da própria Guarda Nacional gravado após a reentrada na cidade não são visíveis nenhuns sinais de massacre? É plausível que um exército profissional deixe nas ruas dezenas de cadáveres quando a sua saída daquela localidade foi alvo de acordo em negociações?
A História de várias guerras, e da recente da guerra na Ucrânia, aconselha-nos à maior prudência na análise das situações e a estar atentos a provocações que numa nova fase da guerra, e também das negociações, possam surgir. Aliás, tal prudência é ainda mais aconselhável quando o «crime» do «massacre» no Teatro de Mariopol, foi como se contou; quando o «horror» do ataque a uma maternidade se realizou contra uma maternidade de facto, mas encerrada há algum tempo e que servia de base a elementos do batalhão Azov; ou ainda quando o «centro comercial» de Kiev afinal tinha sido encerrado para servir de base para armazenamento de munições do exército ucraniano e para instalação de vários sistemas de lançamento de rockets.