Luta e organização garantem grande manifestação de jovens

Com iniciativas de esclarecimento e organização, mas também de luta, foi feita uma grande mobilização para realizar hoje à tarde duas grandes acções de carácter nacional, em Lisboa e no Porto.

A precariedade elevada e os salários baixos infernizam a vida dos jovens

A preparação da manifestação nacional da juventude trabalhadora envolveu, nas últimas semanas, «toda a estrutura da Interjovem», como assinalou anteontem Dinis Lourenço. Em declarações ao Avante!, o coordenador da organização específica da CGTP-IN deu diversos exemplos, realçando que foi mesmo decidida a presença organizada de trabalhadores de empresas como a Exide, em Castanheira do Ribatejo, a Continental Advanced Antenna, em Vila Real, ou a Tesco, em Vila Nova de Famalicão (onde foi marcada greve para hoje).

Nos plenários e contactos com os trabalhadores, em empresas como a Science4You, a Quinta do Conventinho ou a Hovione, em Loures, a Fico-Cables, na Maia, a Herdmar, em Braga ou a Hutchinson, em Campo Maior, tal como com trabalhadores das plataformas digitais ou com jovens enfermeiros, «os grandes problemas colocados foram sempre os baixos salários e a precariedade».

Problemas semelhantes foram referidos nas acções de distribuição do apelo à participação na manifestação (como sucedeu junto de empresas como a Tabaqueira e a Hikma, em Sintra, a BA Vidros, na Amadora, a Leoni, em Guimarães, a Fima-Olá, em Santa Iria de Azóia, a OGMA, em Alverca, a Accenture, em Algés, a Teleperformance, em Entrecampos, Lisboa).

Sublinhando o âmbito nacional da mobilização, com colocação de faixas e cartazes, Dinis Lourenço referiu ainda a realização de iniciativas no Algarve e, das acções de distribuição do apelo no distrito de Setúbal, destacou as que se realizaram junto da Hannon e da Lisnave Yards.

Precisamente contra o flagelo laboral mais sentido pela juventude, foi realizada no Porto uma «caravana da precariedade», com protestos (concentrações de activistas, com faixas e amplificação sonora) junto das instalações de empresas como a RTP ou a Concentrix, que presta serviço a gigantes das vendas online, como a Aliexpress e a Wish.

A Concentrix foi apontada como um gritante exemplo de abuso de vínculos precários. A Interjovem destacou que, com quase 500 trabalhadores, «apenas “uma mão” deles tem contrato com a empresa». Os restantes são subcontratados por empresas de trabalho temporário e têm vínculos precários.

Ao denunciar esta «brutal precariedade», a Interjovem exigiu que os trabalhadores tenham contrato com a empresa-mãe e que a cada posto de trabalho permanente corresponda um contrato efectivo.

 

Marco na luta

A manifestação nacional, hoje, às 15 horas, em Lisboa (do Campo das Cebolas para a AR) e no Porto (Campo 24 de Agosto), foi convocada sob o lema «Produzimos a riqueza, queremos o que é nosso, exigimos soluções – Mais salário, menos horário, fim da precariedade».

Com esta iniciativa, que ganhou regularidade anual, a Interjovem e a CGTP-IN assinalam o Dia Nacional da Juventude (28 de Março), com origens nas importantes lutas dos jovens, organizados no MUD Juvenil, em 1947, fez agora 75 anos.

Apesar da repressão fascista, com destaque para o festival em Bela Mandil (Olhão), as iniciativas da Semana da Juventude ficaram como um marco na luta pelos direitos dos jovens e pela liberdade e a democracia em Portugal.

 



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