CT da CGD condena encontro «fora da Caixa» no Dia do Pai
A Comissão de Trabalhadores criticou as condições em que os trabalhadores da Caixa Geral de Depósito foram instados a participar no «Encontro da Caixa... Fora da Caixa», no dia 19 de Março, em Lisboa.
A prática patronal desmente os valores que animam a propaganda
«De uma vez por todas, a Comissão Executiva da CGD tem de entender que, para histórias de “superação e excelência”, exige-se uma hierarquia que dê prioridade ao investimento, reconhecimento e valorização de todos os trabalhadores», em vez de «usar acções de marketing interno, com recurso a oradores e técnicas de coaching motivacional, cantigas e discursos de figuras públicas».
O protesto da CT da CGD foi expresso numa nota à comunicação social, dia 23, observando que «organizar um evento destes, com pressupostos questionáveis, de custos elevadíssimos e desrespeitando direitos e valores, atesta bem a forma como os trabalhadores da CGD são tratados» pela administração.
Para este evento «de promoção dela própria», realizado no Campo Pequeno, no sábado que coincidiu com o Dia do Pai, a administração ignorou o direito dos trabalhadores ao descanso e obrigou alguns a viagens de mais de quatro horas, contrariando até o slogan publicitário da CGD que diz «o melhor presente é estar presente».
«Se dúvidas existissem» ainda, quanto ao «real valor» que a administração atribui aos trabalhadores, a CT referiu «o exemplo dado nesse mesmo dia»: «os trabalhadores, depois de acordarem de madrugada e se deslocarem até Lisboa, tiveram direito a uma mochila com 33 cl de água, uma empada de frango, um chocolate e uma maçã». «Assim estavam “preparados” para o evento, que não teve qualquer pausa, entre as 9h00 e as 15h00», ironizou a CT.
Os cerca de 2500 participantes na iniciativa «ouviram “não façam dramas, porque há quem esteja bem pior”, com uma alusão, no mínimo, infeliz, àqueles que sofrem em cenários de guerra, alusão esta acompanhada de um suporte de vídeo com trágicas imagens da guerra», referiu ainda a estrutura representativa dos trabalhadores.
Encerramento ilegal
Além de abrupta e não ponderada, a decisão de encerrar a agência da CGD no Barracão (concelho de Leiria) é também ilegal, considerou a CT da CGD. Numa nota emitida no dia do encerramento, 25 de Março, recorda-se que, «na senda dos encerramentos irracionais e desprovidos de fundamento do passado recente, autorizados pelo Plano de Reestruturação 2016-2020, a CGD fechou em quatro anos mais de 130 agências e diminuiu mais de 2200 trabalhadores, com danos de imagem e serviço».
Sem nenhum plano aprovado pelo Governo e apenas por decisão da administração, o fecho da agência no Barracão tinha de ser precedido de um parecer da CT, por imposição legal (direito de informação e consulta). Com valor apenas consultivo, o parecer é obrigatório e, para a sua elaboração, a administração deveria «fundamentar critérios e motivos para o encerramento, o que não foi feito».
Greve às horas extra
Foi prolongada por mais um mês, até 14 de Abril, a greve às horas extraordinárias que o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) mantém desde 13 de Dezembro de 2021.
Com esta forma de luta, o sindicato fornece a base legal para que os trabalhadores da CGD se recusem a trabalhar mais do que as sete horas diárias estipuladas no Acordo de Empresa.
O sindicato reclama a generalização do registo informático dos tempos de trabalho (ponto), que se encontra operacional, mas que a administração não aplica nas agências. Para esta posição patronal, que contraria as declarações oficiais favoráveis a uma economia de baixo carbono, verde e sustentável, o STEC reafirmou, no dia 18, a sua explicação: «Esse registo informático facilitaria o controlo do trabalho suplementar que não é registado nem pago e é realizado diariamente, de forma massiva».