Jornada de luta na Brintons pelos teares e pelo futuro
A fábrica de alcatifas e carpetes para hotéis, cruzeiros, casinos, aeroportos e centros comerciais, a laborar no concelho de Vouzela desde 1991, recorreu ao lay-off apoiado e prepara a deslocalização.
No sector há acréscimo de encomendas e retoma da actividade em pleno
A preocupação dos trabalhadores da Britons, em Rebordinho, Campia, foi manifestada no exterior da empresa, durante a tarde de dia 23, quarta-feira. Com o apoio da União dos Sindicatos de Viseu e da Federação dos Sindicatos Têxteis, Vestuário e Calçado (Fesete), realizou-se uma concentração, para denunciar a desmontagem dos quatro teares mais eficazes, que deverão ser enviados para unidades industriais na Índia. «Os teares são dos trabalhadores! Vendam o que é vosso!» – afirmava-se numa faixa colocada frente à fábrica.
Isabel Tavares, coordenadora da Fesete e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, lembrou no local que, há cerca de dois anos, a empresa tinha mais de 200 trabalhadores e, neste momento, tem 90, metade dos quais em lay off. Citada pela agência Lusa, disse que «há preocupações, porque os trabalhadores estão a ver equipamentos a sair» e isso agrava os «sinais de que a instabilidade está presente e de que o futuro é complicado».
As preocupações acentuaram-se com as posições dos representantes da gerência, numa reunião realizada nessa manhã com uma delegação sindical, em que declararam que, «à data de hoje, não têm nada para dizer de concreto e objectivo quanto ao futuro» da empresa e dos trabalhadores.
A dirigente realçou que a COVID-19 já não pode servir como justificação, até porque no sector há «acréscimo de encomendas, retoma da actividade na plenitude, recurso ao trabalho extraordinário, procura de trabalhadores».
PCP questiona Governo
A manifestar solidariedade com a luta dos trabalhadores da Britons, esteve na concentração uma delegação da Comissão Interconcelhia de Lafões do PCP.
Num comunicado emitido no dia 24, o Partido adianta que «questionará o Governo, assim que tome posse, sobre quais as medidas que tomará para impedir a saída destes equipamentos, garantir os postos de trabalho e assegurar o cumprimento das condições de acesso aos apoios públicos por parte da empresa».
A Britons Indústria de Alcatifas, Lda., faz parte do grupo Brintons Limited, fundado em 1783 em Kidderminster (Inglaterra), onde mantém a sede, embora o capital seja detido pelo Carlyle Group (multinacional norte-americana de private equity). A empresa portuguesa foi constituída em Janeiro de 1990 e iniciou a sua laboração em Setembro de 1991.