Greve na distribuição comercial comprovou determinação na luta
Com «excelente adesão» à greve de dia 24, os trabalhadores dos super e hipermercados «deram a resposta necessária» e «assumiram a disponibilidade para continuar a luta», salientou o CESP/CGTP-IN.
O sector gera grandes fortunas, pagando salários mínimos
«A forte adesão à greve encerrou várias lojas da cadeia DIA Minipreço», destacou o sindicato, numa nota publicada ao início da tarde.
Na rede Lidl, «algumas lojas não encerraram porque a empresa chamou, ilegalmente, trabalhadores de férias ou de folga para substituir os trabalhadores em greve». O CESP deu como exemplo a loja em Portimão, «onde apenas um trabalhador não aderiu à greve».
Nas outras empresas, «o funcionamento está reduzido, com balcões e caixas encerradas, e poucos trabalhadores na reposição de produtos».
Em lojas localizadas em diversos distritos, foram organizados piquetes de greve, nos acessos principais, dando a conhecer os motivos da luta aos clientes e à população. Com o piquete de greve do Auchan, no centro comercial UBBO (antigo Dolce Vita Tejo), na Amadora, esteve a Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha.
Nesses piquetes, assinalou o sindicato, «os trabalhadores assumiram a disponibilidade para continuar a luta, caso as empresas não avancem com propostas de valorização dos salários e das carreiras profissionais e não abdiquem da sua proposta de imposição de regime de “banco” de horas e de redução do valor do trabalho suplementar».
Cerca das 15 horas, numa breve mensagem de saudação, a presidente da direcção do CESP sublinhou que, com esta greve, os trabalhadores «demonstraram ao patrão, com grande força e determinação, que não aceitam os baixos salários, a precariedade, os horários desregulados e as más condições de trabalho».
O sindicato recordou que, neste final de 2021, a associação patronal APED e os patrões continuam sem apresentar uma proposta de aumentos salariais, num sector de actividade onde a tabela salarial não é revista desde 2016 e está, desde 2020, «praticamente absorvida pelo valor do salário mínimo nacional».
A grande distribuição comercial «acumula diariamente milhões, de vendas e de lucros», gera «as maiores fortunas do País» e tem «milhares de trabalhadores com salários abaixo de 700 euros».
Para registar
Na Figueira da Foz os trabalhadores do Minipreço «aderiram à greve e mostraram que estão disponíveis para continuar a luta», tal como sucedeu «em tantas lojas nos distritos de Aveiro e Coimbra». A entidade patronal «atropelou a lei, substituindo trabalhadores em greve». Ainda assim, a loja abriu mais tarde.
Pela primeira vez e «apesar das pressões», os trabalhadores do Continente Bom Dia, no centro comercial Acqua Roma, em Lisboa, realizaram um piquete de greve.
Junto do piquete da loja Auchan no centro comercial Algarve Outlet, em Olhão, notou-se a preocupação com uma nova ameaça patronal: impor um cartão de refeição, como única forma de pagamento do subsídio de alimentação.