Vitória de Boric no Chile abre novo ciclo histórico

Gabriel Boric, apoiado pela coligação de esquerda Apruebo Dignidad, venceu no domingo, 19, a segunda volta das eleições presidenciais e tornou-se o presidente eleito mais jovem (35 anos) do Chile e também o mais votado em toda a história do país.

Triunfo claro do candidato da esquerda nas presidenciais chilenas

Superando as previsões, que admitiam a sua vitória mas apontavam para uma disputa eleitoral renhida, Gabriel Boric venceu de forma contundente as eleições, conquistando quase 56% dos votos, contra 44% do seu adversário, José António Kast, de extrema-direita, que reconheceu a derrota.

O candidato da esquerda alcançou 4,6 milhões de votos, superando os quatro milhões obtidos pelo antigo presidente Eduardo Frei, em 1993. Esta segunda volta eleitoral bateu todos os recordes de participação desde que se implantou o voto voluntário, em 2012: segundo dados do Serviço Eleitoral, 8,3 milhões de chilenos foram às urnas – uma taxa de participação de 55% dos eleitores inscritos.

«Estamos perante uma mudança de ciclo histórico e não a podemos desaproveitar», afirmou o presidente eleito, que será empossado a 11 de Março, no seu primeiro discurso à nação, ainda na noite eleitoral, no centro de Santiago.

Um dos activistas das grandes manifestações estudantis de 2011, que exigiam uma educação gratuita, livre e de qualidade, e dos protestos sociais de 2019 contra o modelo neoliberal de governação, que abriram caminho à elaboração de uma nova Constituição para substituir a vigente desde a época da ditadura de Pinochet (1973-1990), Boric reconheceu que as causas dessas acções persistem. Prometeu defender o processo constituinte em curso e, entre as prioridades do seu futuro governo, apontou a reforma do actual sistema de pensões, a construção de um sistema universal de saúde que não diferencie ricos e pobres e uma melhor distribuição da riqueza.

A vitória de Boric abre um tempo de maiores desafios, como escreve o semanário digital El Siglo. O resultado eleitoral mostra que a maioria dos chilenos apoia o avanço das transformações e quer prosseguir no caminho das mudanças estruturais e profundas no Chile iniciado com as manifestações de 2019 e o referendo de 2020 favorável a uma nova Constituição.

PCP saúda vitória
de «grande significado»

«A expressiva vitória de Gabriel Boric, o candidato apoiado pela coligação Apruebo Dignidad, na segunda volta das eleições presidenciais do Chile, vitória que é simultaneamente uma clamorosa derrota de um defensor do pinochetismo, reveste-se de um grande significado não apenas para o povo chileno mas para os povos de toda a América Latina que resistem ao imperialismo e lutam pela soberania, a democracia e o progresso social», afirma uma nota do PCP sobre as presidenciais chilenas.

Mais: «Inseparável das grandes lutas populares dos últimos anos e da histórica vitória das forças democráticas e progressistas nas eleições para a Assembleia Constituinte, a vitória de Gabriel Boric é uma expressão mais da determinação do povo chileno em enterrar definitivamente a herança da tenebrosa ditadura fascista de Pinochet e de finalmente dotar o Chile de uma Constituição democrática, à altura das aspirações dos trabalhadores, da juventude e do povo chileno e das suas heróicas tradições de luta».

Ao sublinhar o importante significado do resultado das eleições presidenciais chilenas, o Partido Comunista Português «saúda as forças sociais e políticas que apoiaram a candidatura vencedora e em particular o Partido Comunista do Chile e a sua persistente e corajosa luta em defesa dos interesses da classe operária e do povo chileno, pela liberdade, o progresso social e o socialismo».




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