Perante a falta de respostas só a luta faz a diferença

Em várias empresas de diversos sectores, os trabalhadores resistem aos ataques contra os seus salários e direitos e reclamam melhores condições de vida e de trabalho.

As empresas não respondem às reivindicações dos trabalhadores

O sector dos transportes foi daqueles em que mais se sentiu esta vaga de lutas laborais. No Metropolitano de Lisboa, depois de paralisações parciais, no dia 4 foi dia de greve total. Como realça a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), a realidade na empresa era, nesse dia, de «circulação totalmente paralisada, estações encerradas e demais serviços da empresa, devido à enorme adesão dos trabalhadores».

A estrutura sindical lembra que estes trabalhadores exigem mais uma vez que a administração e o Governo «respondam às reivindicações de 2021, na base dos orçamentos do Estado e da empresa deste ano, pelo que os responsáveis têm todas as condições de responder». A melhoria dos serviços públicos, acrescenta a Fectrans, «depende dos investimentos necessários, da admissão de trabalhadores em falta, mas também da melhoria das condições salariais e de trabalho». A luta é para continuar, garante.

A Secretária-geral da CGTP-IN esteve junto dos dirigentes e activistas sindicais do Metro, no início da paralisação, assim como o deputado do PCP Bruno Dias.

Na Transtejo/Soflusa, que assume a travessia fluvial do Tejo, estão em curso durante toda a semana greves parciais de três horas por turno. A Fectrans justifica o regresso às greves com o facto de «durante quase um ano» a administração e o Governo terem ignorado as reivindicações dos trabalhadores e as soluções que lhes foram apresentadas. As exigências dos trabalhadores, referentes a este ano, «podem ser suportadas pelos orçamentos da empresa e do Estado, pelo que a situação entretanto criada de marcação de eleições não inviabiliza» a resposta ao que é reivindicado, bastando para tal que exista vontade por parte do Governo, garante a federação.

Na PXM – Faro, do grupo Barraqueiro, os trabalhadores realizaram quatro dias de greve, com a adesão a rondar os 90 por cento. No primeiro dia de paralisação, teve lugar um plenário no qual participaram também trabalhadores da Eva, no mesmo grupo. Em debate estiveram temas como o aumento dos salários (que na empresa rondam o Salário Mínimo Nacional), a defesa dos postos de trabalho no quadro dos novos concursos de concessão, a resposta aos castigos das empresas, assim como as condições de trabalho, revela a Fectrans.

Por salários e direitos

Na Euroresinas, empresa do sector químico a laborar no complexo industrial de Sines, os trabalhadores estão em greve desde a meia-noite de dia 3 até às 8h00 de amanhã, 12. A paralisação abrange também «todo o trabalho suplementar, tanto na antecipação, como no prolongamento ao horário de trabalho», lê-se no pré-aviso do SITE-Sul.

Em causa estão aumentos salariais, a progressão nas carreiras, a uniformização do seguro de saúde, a eliminação da precariedade, a redução progressiva do horário de trabalho para as 35 horas e a atribuição do subsídio de transporte. No comunicado distribuído em que dá conta da decisão de avançar para a greve, o sindicato da CGTP-IN acusa a empresa de ter respondido às exigências dos trabalhadores com «uma mão sem nada», persistindo na falta de «respostas concretas e objectivas». Ou seja, acusa o SITE-Sul, não diz «nada de novo nem traz nenhuma solução para os problemas dos trabalhadores, que se arrastam há muito».

Na fábrica da Sumol+Compal, em Almeirim, a produção esteve parada por longo tempo na sexta-feira, 5, devido à adesão massiva dos trabalhadores aos três plenários promovidos pela comissão sindical do Sintab/CGTP-IN. Ao todo, foram cerca de 170 trabalhadores a marcar presença nos plenários.

Os trabalhadores da Sumol+Compal reivindicam aumentos salariais dignos depois de, a pretexto da COVID-19, a empresa ter recorrido ao layoff, promovido despedimentos e rescisões, sem nunca responder às reivindicações que lhe foram apresentadas.




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