«Crise é não ter salário, habitação ou condições para criar os filhos»

O PCP nunca faltou na procura de respostas aos problemas do País, dos trabalhadores e do povo e é com esse objectivo que prossegue, com coerência e determinação, sublinhou Jerónimo de Sousa em Alcácer do Sal.

«Somos um Partido que os trabalhadores, o povo e o País precisam que seja mais forte»

A garantia foi dada pelo Secretário-geral do Partido num comício ao final da tarde de sexta-feira, 22, em Alcácer do Sal, cidade alentejana onde a CDU voltou a merecer a confiança da maioria da população nas eleições autárquicas de 26 de Setembro último.

A vitória não foi esquecida e para além de agradecer e saudar o facto, Jerónimo de Sousa assegurou que «os mandatos agora recebidos serão traduzidos na continuação (...) de uma gestão rigorosa e participada no município e nas freguesias, dando viva expressão à concretização do projecto distintivo da CDU com o trabalho, a honestidade e competência que o caracteriza».

Antes, também o reeleito presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, considerou o triunfo da CDU tanto mais significativo quanto foi capaz de derrotar os poderosos meios colocados no terreno por parte do PS, o qual, acusou o edil, não se coibiu de usar o aparelho do Estado e socorrer-se da calúnia para ganhar as eleições.

«De nada lhes valeu. Ganhámos e ganhámos bem», considerou Vítor Proença, para quem agora é hora de honrar os compromissos assumidos e continuar a defender os interesses do povo de Alcácer, designadamente reclamando junto do Governo a resolução de problemas que são da sua competência, alguns dos quais precisou.

Respostas do Governo são igualmente prementes face à situação em que se encontram o País e os trabalhadores, resultantes de «décadas de política de direita, onde estão presentes importantes défices estruturais, o agravamento da exploração, de injustiças e de desigualdades sociais e no território», apontou o Secretário-geral do PCP ao intervir no encerramento da iniciativa.

«Com a epidemia, juntaram-se velhos e novos problemas que acentuaram não só as fragilidades do País como ampliaram as dificuldades da vida de milhões de trabalhadores e reformados», prosseguiu Jerónimo de Sousa, insistindo tratar-se de «um vasto conjunto de problemas que precisam de uma resposta que o Governo PS não tem dado, nem dá, ao manter eixos centrais da mesma política que, à vez, executou com PSD e CDS durante anos e anos, comprometendo o desenvolvimento do País».

Coerência

Na ordem do dia estava a discussão e votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 e sobre a matéria e com detalhe incidiu boa parte do discurso do Secretário-geral do PCP, reafirmando três ideias fortes. A primeira é que o Partido nunca teve, desde 2015 e inclusivamente durante a pandemia, outro objectivo (e conduta a condizer) que não fosse «no sentido de responder ao que em cada momento é do interesse dos trabalhadores e do povo», revelando-se «decisivo na interrupção de um percurso de destruição de direitos e de um rumo de desastre nacional», bem como na abertura de «perspectivas de um caminho de defesa e reposição de direitos e rendimentos», e, depois, igualmente determinante para que não fossem piores as consequências do surto epidémico e do aproveitamento que o grande capital fez da crise sanitária.

«É desse lado que estamos com a coerência e determinação de sempre», reafirmou o Secretário-geral comunista, que fez daqui decorrer as duas outras questões-chave que importa reter no presente e para o futuro: «o que está em causa neste momento é saber se há ou não a resposta aos problemas do País», e não «substituir o essencial pela discussão sobre se há ou não há um qualquer Orçamento, independentemente do seu conteúdo».

Dito de outro modo, «o debate do Orçamento do Estado tem de se inserir numa resposta global aos reais problemas que se colocam» porque «o povo e o País precisam de uma resposta à altura dos problemas e das necessidades que enfrentam», pelo que «crise é não ter salário ou pensão de reforma até ao fim do mês, habitação para viver ou condições para criar e ver crescer os seus filhos», concluiu.

Iniciativa

«O PCP não deixará de intervir para garantir soluções» e «fá-lo-á com a sua independência de sempre, determinado pelo seu compromisso com os trabalhadores e o povo», salientou de novo Jerónimo de Sousa, para quem, neste contexto, sai redobrada a exigência de «uma forte iniciativa política deste Partido necessário e insubstituível (...), nomeadamente na afirmação da alternativa, no desenvolvimento da luta de massas, no lançamento do novo mandato nas autarquias locais (…), na concretização de um conjunto de linhas de trabalho a iniciar no imediato, onde se inclui o prosseguimento do roteiro da produção nacional, da defesa dos direitos dos trabalhadores e dos serviços públicos, em particular do SNS e da Escola Pública, do plano das comemorações do Centenário do PCP».

«Somos um Partido que os trabalhadores, o povo e o País precisam que seja mais forte e mais influente», um «Partido que afirma e reafirma a sua natureza e identidade comunista na concretização de uma política patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada, por uma sociedade nova, liberta da exploração e da opressão - o socialismo e o comunismo», realçou ainda.

De resto, antes do Secretário-geral do PCP, já o responsável pela Organização Regional do Litoral Alentejano, Manuel Valente, tinha enfatizado – após defender que a região não pode aceitar e os comunistas têm de dar combate ao desenvolvimento económico assente na sobre-exploração do trabalho e na especulação imobiliária, nem o minguado investimento público nos transportes e mobilidade, educação ou saúde –, que «o mesmo empenho, determinação, unidade e coesão com que enfrentámos as batalhas» recentes, temos de colocar nas tarefas prioritárias.

Entre estas, Manuel Valente destacou o reforço da organização, influência e intervenção do PCP, designadamente nas empresas e locais de trabalho, o fortalecimento da comunicação e ligação às populações, da militância e da independência financeira do Partido, condição central para a sua independência política e ideológica.



Mais artigos de: PCP

Nas ruas do Porto ao lado do povo

A Organização Regional do Porto do PCP promoveu, quinta-feira, 21, no centro da cidade do Porto, um desfile sob o lema «Força decisiva ao teu lado todos os dias», acção que conjuga com a intervenção concreta em defesa dos trabalhadores e do País.

Sessão evoca José Saramago

O PCP apresenta no próximo sábado o programa de comemorações do centenário do nascimento de José Saramago, numa sessão com início marcado para as 15h00, no Fórum Lisboa. Para além da intervenção do Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, participam os actores e músicos Carmen Santos, João Grosso,...

CDU defende nas autarquias respeito pela vontade popular

Em maioria e em minoria, os eleitos nas listas da CDU não abdicam de fazer valer a vontade dos eleitores nas urnas, quer na constituição dos órgãos quer na advertência para os acordos lesivos dos interesses populares.

Maternidade nos Covões é o melhor para Coimbra

Em nota divulgada depois de ter sido anunciada a decisão do Ministério da Saúde, a Direcção da Organização Regional de Coimbra (DORC) realça que «a excessiva concentração de serviços e valências no pólo central dos HUC tem reduzido a capacidade de resposta dos cuidados de saúde», sendo aquele...

Para que serve um jornal?

Um jornal pode servir vários propósitos. Serve para informar os seus leitores sobre a actualidade, o seu papel mais clássico. Pode ser ainda um meio de divulgação ou um contributo para a formação cultural ou científica. Pode, como é o caso deste Avante!, ser também um instrumento de formação política e ideológica. E pode...