Provar do próprio veneno
O Expresso está sob pressão. Haverá um número crescente de leitores do semanário que não se conformam com a falta de rigor com que o jornal tem pautado a sua linha editorial. Foi o que se pôde apurar junto de pessoas ligadas àquele órgão de comunicação social.
Um sentimento que é partilhado por vários jornalistas e trabalhadores do grupo, antigos editores de política e membros de anteriores direccções que vão confidenciando, sem que o possam assumir publicamente, esse desagrado.
Mesmo sectores mais à direita manifestam-se incomodados com a forma ostensiva que a sanha anti-PCP se vem evidenciando, que extravasando um mais sofisticado e subliminar semeio do preconceito anticomunista, recorre mais grosseiramente à manipulação, mentira ou truncagem de factos associados à actividade do PCP.
Haverá, como revelou uma das fontes próxima do semanário, quem entenda que a ostensiva linha editorial marcada pelo anticomunismo não estará desligada de estratégias políticas de que a homenagem a Pinto Balsemão, a pretexto dos 40 anos da posse do seu governo, não será alheio.
A direcção do jornal terá a última palavra, mas crescem as vozes, entre quem lê o jornal, que há limites éticos e deontológicos. Face à perda de vendas em banca ao longo dos últimos anos, cresce a ideia de que esta opção está a esgotar-se e que será altura de seguir outro caminho, mais eficaz para o objectivo político prosseguido pelo grupo a que o Expresso está ligado.
Antecipando interrogações e avivadas indignações, diremos apenas que as fontes aqui invocadas são tão fidedignas quanto as que Rosa Pedroso Lima recorreu na intriga que urdiu sobre o PCP em duas paginas da última edição do Expresso. E que naturalmente por protecção de fontes anónimas se não divulgarão, como a jornalista não revelou na trama que inventou.