O «teatrinho habitual» dos Tartufos
Em defesa do Teatro, sem menorização espúria, aqui se valoriza Moliére, que escreveu em 1664 a sátira «Tartufo» sobre a hipocrisia de um falso devoto cujas «santas palavras» escondiam a intriga dos seus intentos desonestos.
Em defesa da verdade, aqui se sublinha que é Tartufo que se vislumbra num texto de João Miguel Tavares (JMT) no Público sobre a posição do PCP relativamente ao OE de 2022, que define como «habitual teatrinho que antecede a inevitável aprovação». Isto é, qual Tartufo, JMT atribui ao PCP as imposturas em que o próprio é useiro e vezeiro, enquanto «cavaquista-passista» assumido.
JMT foi seguido por outros escribas do «mesmo saco», que copiaram a tese do «teatrinho» do PCP, para assim cumprirem o seu plano político-ideológico, mistificar e tentar concretizar os objectivos dos grandes interesses, do PSD e quejandos.
Repondo a verdade, desde 2016 a 2019 o PCP votou a favor dos OE, em 2020 e 2021 absteve-se e em Julho de 2020 votou contra o Orçamento Suplementar.
Em todos os casos o PCP lutou por objectivos claros e foi a força decisiva para travar o rumo de desastre nacional do PSD/CDS e da troika, que visavam que o povo e os trabalhadores não vivessem «acima das possibilidades», e para repor, defender e conquistar importantes direitos e rendimentos (o que nunca nos perdoarão). Não houve «habitual teatrinho», nem «inevitável aprovação», houve dura luta de massas, que JMT e os media dominantes não querem valorizar, e acção determinada do PCP que mistificam e procuram impedir.
Hoje, o que está colocado é que o Governo se tem vindo a afastar cada vez mais das medidas necessárias para resolver os problemas nacionais e que é impossível continuar a adiar no plano global, no OE de 2022 e noutras questões fundamentais, ainda para mais havendo condições para avançar - nos salários, pensões, direitos, serviços públicos, desenvolvimento. É inadiável dar passos neste sentido, sob pena de regressão do que avançou e de crescente tirania da política de direita.
Sem «teatrinhos», manobras de «cucos», ou resignação às chantagens, o PCP decidirá neste combate, como até hoje, de forma independente e soberana, e continuará a bater-se por novos avanços para os trabalhadores e o povo, por um Portugal com futuro.