Subordinação aos EUA «envergonha» UE
Deputados do Parlamento Europeu (PE) instaram a União Europeia (UE) a alhear-se de posições de confrontação e assédio subordinadas à política externa dos Estados Unidos da América respeitante a Cuba.
Política da UE face a Cuba subordina-se aos ditames de Washington
A subordinação face aos EUA «deslegitima e envergonha a UE», acusam os deputados Sandra Pereira, do Partido Comunista Português e vice-presidente da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-americana (Eurolat) e Manu Pineda, co-coordenador do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL) no PE, numa carta dirigida ao responsável das relações externas da UE, Josep Borrell.
Na missiva, de 16 de Agosto, os dois deputados do PE exortam a UE a abandonar o caminho da ingerência e da agressão e a apostar de maneira firme no respeito da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, no respeito pela soberania dos povos.
«O melhor caminho será sempre o diálogo e a cooperação», escrevem, reportando-se a uma declaração de Borrell, em 29 de Julho, em que o diplomata ignorou o cruel, criminoso e ilegal bloqueio norte-americano quando manifestou «preocupação» pelas queixas dos cubanos face à falta de medicamentos, alimentos e electricidade.
«A falta de condenação do bloqueio e do seu impacto devastador sobre a população cubana é, sinceramente, inconcebível», salientam Sandra Pereira e Manu Pineda na carta ao alto representante da UE para Assuntos Externos.
Além disso, prosseguem, o paralelismo que Borrell tenta estabelecer entre a situação gerada pela COVID-19 e o aumento das exigências por direitos civis e políticos e por democracia não tem qualquer fundamento e é completamente inapropriado.
Expressam que era de esperar uma condenação à manutenção e ao fortalecimento do bloqueio em tempo de pandemia, ordenado pelo ex-presidente Donald Trump e mantido por Joe Biden. «Qualquer pronunciamento sobre direitos humanos em Cuba deveria denunciar inequivocamente a violação destes direitos – incluindo à saúde da população cubana – como resultado do bloqueio, tanto mais grave quanto permanece também durante a pandemia», realçam os dois deputados do PE.
Manifestam ainda que a premeditada omissão da condenação do bloqueio na declaração de Borrell ofende não só o povo cubano mas também as empresas e os cidadãos dos países europeus, cujos interesses se vêem afectados por esta política obsoleta e irracional.