Por negociação e aumentos na hotelaria e restauração
Na Ahresp e no Ministério do Trabalho, a Fesaht/CGTP-IN e os seus sindicatos realizaram anteontem concentrações de trabalhadores, a exigir que acabe o bloqueio patronal da contratação colectiva.
A epidemia não pode servir de desculpa para o ataque patronal
«Durante anos e anos, em que a hotelaria esteve em alta, com lucros fabulosos, os trabalhadores não viram as suas condições de vida melhoradas» e, em resposta à COVID-19, «boa parte das empresas teve direito a apoios do Estado», assinalou a coordenadora da Federação dos Sindicatos de Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht).
A epidemia «não é desculpa» para atacar os direitos dos trabalhadores, protestou Maria das Dores Gomes, citada pela agência Lusa, em declarações aos jornalistas durante a jornada nacional de terça-feira, dia 10, em Lisboa, que começou com uma concentração em frente da sede da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal. A Fesaht subscreveu contratos colectivos de trabalho de vários sectores, mas a sua negociação está bloqueada, o que impede, em especial, a actualização dos salários.
Na Avenida Duque de Ávila reuniram-se, cerca das 10 horas, mais de cem trabalhadores, vindos de diversos distritos, para exigirem – tal como tem sucedido noutras jornadas, em regiões e junto de empresas – uma resposta patronal às propostas sindicais.
Direitos e rendimentos
É «fundamental» que a Ahresp «responda relativamente todos os contratos colectivos de trabalho», sublinhou Maria das Dores Gomes, explicando que «os trabalhadores hoje ganham praticamente o salário mínimo nacional».
Além disso, «estão a ser postos em causa os principais direitos dos trabalhadores, nomeadamente o direito às férias e à conciliação entre a família e o trabalho», e «uma grande parte das empresas está a impor o “banco” de horas».
Por outro lado, assinalou a dirigente, nos vários sectores multiplicam-se os casos de empresas que «vão buscar os estagiários, pagam-lhes apenas o subsídio de alimentação ou nem isso e, portanto, têm trabalhadores à borla». Com situações destas, o trabalho «não é atractivo também para os jovens, porque não estão a ser acompanhados por um profissional, são lançados aos “leões” como nós costumamos dizer». São estagiários. mas estão a substituir trabalhadores efectivos, o que «é, de facto, um abuso por parte das empresas».
Numa moção entregue à Ahresp, foram pedidas reuniões ainda para este mês, salientando a coordenadora que aquilo que está em causa é «muito urgente».
Até junto do Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, os trabalhadores deslocaram-se em manifestação. Na moção que foi deixada ao cuidado da ministra, é solicitado que esta receba os representantes dos trabalhadores numa reunião.
A Fesaht insiste em exigir: negociação da contratação colectiva; aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores; reabertura imediata de todas as empresas e estabelecimentos; anulação de todas as restrições e condicionalismos desnecessários, impostos ao funcionamento das empresas e estabelecimentos; reposição de todos os direitos retirados desde o início da pandemia; pagamento dos salários em atraso; integração nos quadros de todos os trabalhadores despedidos; respeito pelos direitos dos trabalhadores (em especial, quanto a horários de trabalho e retribuição).