Foi pela tarde de quinta-feira, dia 22, que as largas de­zenas de jo­vens de mi­li­tantes e amigos oriundos de todo o País, co­me­çaram a chegar à Quinta da Ata­laia. Tendas mon­tadas, foi posta a con­versa em dia por aqueles que, apesar de se­pa­rados por de­zenas ou cen­tenas de qui­ló­me­tros, par­ti­lham um pro­fundo sen­tido de com­pa­nhei­rismo, for­jado nas lutas do dia-a-dia nas es­colas, nas fa­cul­dades ou nos lo­cais de tra­balho. Aliás, no con­vívio que se se­guiria ao jantar da­quela noite, po­deria já adi­vi­nhar-se, pelo am­bi­ente car­re­gado de energia que se fazia sentir – traço muito par­ti­cular à ju­ven­tude e, so­bre­tudo, à JCP –, que os dias por vir re­sul­ta­riam, so­bre­tudo, no for­ta­le­ci­mento dos laços de ca­ma­ra­dagem, no re­car­regar do po­ten­cial trans­for­mador dos jo­vens e na troca de ex­pe­ri­ên­cias e apren­di­za­gens.

Con­tra­di­ções do sis­tema ca­pi­ta­lista
A manhã co­meçou cedo na sexta-feira. Todos quanto os que qui­seram pu­deram des­frutar de um dia de praia em Se­simbra, mas o mo­mento alto acon­teceu já quando os jo­vens es­tavam de volta à Ata­laia. No início da noite, de­pois do jantar, Al­bano Nunes, membro da Co­missão Cen­tral de Con­trolo do PCP, en­con­trou-se com os jo­vens para um de­bate sobre a si­tu­ação in­ter­na­ci­onal – Pe­rigos e po­ten­ci­a­li­dades, luta e re­sis­tência nos quatro cantos do mundo.

«Este de­bate re­a­liza-se num con­texto em que, tal como o tí­tulo in­dica, grandes pe­rigos co­e­xistem com grandes po­ten­ci­a­li­dades», co­meçou por afirmar Gon­çalo Fran­cisco, membro da Co­missão Po­lí­tica da JCP, na apre­sen­tação da dis­cussão.

Al­bano Nunes tomou a pa­lavra logo de se­guida: «O tempo que vi­vemos é com­plexo, ins­tável e in­certo, agra­vado pelas grandes cam­pa­nhas de de­sin­for­mação de­sen­vol­vidas pela co­mu­ni­cação so­cial», afirmou, acres­cen­tando que a pri­meira ta­refa dos co­mu­nistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rios é «pro­curar se­parar o trigo do joio e ver claro».

«Es­tamos em tempos de re­cuos, de re­sis­tência e de acu­mu­lação de forças. Nestes tempos, como di­zemos, re­sistir já é vencer, por­tanto de­vemos cuidar do Par­tido, cuidar da ju­ven­tude e, so­bre­tudo, cuidar da li­gação do Par­tido e da JCP às massas», disse ao con­cluir.

Cons­truir a Festa com ale­gria
Apesar de muitos jo­vens es­tarem já em­pe­nhados na cons­trução da Festa do Avante! desde Junho, para muitos que es­ti­veram no AGIT Ata­laia, esta foi também a pri­meira opor­tu­ni­dade de par­ti­ci­parem nas jor­nadas de tra­balho. A manhã de sá­bado e o dia de do­mingo foram in­tei­ra­mente de­di­cados a esse as­pecto que ad­quiriu par­ti­cular cen­tra­li­dade nos quatro dias que os jo­vens­pas­saram na Ata­laia.

Uma terra para poder viver

No sá­bado, no Parque da Ju­ven­tude de Al­mada, re­a­lizou-se um co­mício da Ju­ven­tude CDU. No des­file, que con­duziu os jo­vens desde a Praça Pro­fessor Egas Moniz até a zona en­vol­vente do ska­te­parque de Al­mada, pôde-se ouvir vá­rias pa­la­vras de ordem como «Ju­ven­tude CDU, voto eu e votas tu» ou «A ju­ven­tude avança, com toda a con­fi­ança». O mar de ban­deiras ver­me­lhas, verdes e azuis – as cores tí­picas da CDU – que se es­tendeu pelas ruas da ci­dade foi re­ce­bido pelos ha­bi­tantes que, quase com sur­presa, não o dei­xaram de acom­pa­nhar.

Já no co­mício, Bruno Dias, de­pu­tado do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica e ca­beça de lista à As­sem­bleia Mu­ni­cipal de Al­mada pela CDU, afirmou que é «muito bom ter a Ju­ven­tude CDU a mos­trar a sua voz, a sua força, a sua pre­sença e a apontar o ca­minho do fu­turo».

«Para nós, na CDU, a ju­ven­tude sempre foi e sempre será uma força so­cial de trans­for­mação», afirmou também, acres­cen­tando que, na­quele con­celho, a CDU con­tinua a lutar pelos ideais de Abril e a per­correr o ca­minho que a re­vo­lução lançou para o Poder Local de­mo­crá­tico.

De­poi­mentos

Para muitos jo­vens, esta foi a pri­meira vez que par­ti­ci­param no AGIT Ata­laia. O Avante! falou com dois deles.

Diogo Mar­tins, 18 anos, Fa­ma­licão

«Não fazia grande ideia de como se­riam estes quatro dias. Apesar de apenas ter aca­bado de co­nhecer al­guns ca­ma­radas, a forma como nos re­la­ci­o­námos, fez-me sentir que já nos co­nhe­cíamos há muito tempo.

Ma­tilde Silva, 20 anos, Évora

Sendo esta a minha pri­meira vez no AGIT Ata­laia, e tendo em conta a si­tu­ação epi­dé­mica, é muito bom ter a per­cepção de que con­se­guimos fazer tudo com res­pon­sa­bi­li­dade e ao mesmo tempo di­ver­timo-nos e abs­trairmo-nos do medo que nos tentam impor.