HMB de regresso à Festa para fazerem «ainda melhor»
Os HMB regressam este ano à Festa do Avante! com um novo disco na bagagem e muita vontade de «ir com tudo para cima do palco», num espectáculo para o qual convidam uma das suas referências de infância, Lena D’ Água. Com muito boas recordações da anterior passagem pela Festa, acreditam que desta vez será ainda melhor.
«O local onde os HMB brilham verdadeiramente é no palco»
Das três palavras que se seguem – «dança», «romantismo», «humanismo» –, qual escolheriam para emblema da vossa música? Porquê?
Heber Marques: Creio que a palavra que melhor nos descreve é «humanismo». Não enquanto conceito filosófico mas no sentido literal da palavra. O que experimentamos enquanto banda e o que comunicamos nas nossas canções são experiências humanas. Depois temos a sorte de saber transportar essas experiências para o espectáculo ao vivo.
Que diferenças há entre o que oferecem ao público através dos discos e o que fazem ao vivo? O terreno favorito do HMB é no estúdio ou é no palco?
Joel Silva: Vemos tanto os discos como os concertos como viagens que queremos fazer com o nosso público. Nos discos procuramos eternizar um momento, mostrar a quem nos ouve quem nós somos e como nos sentimos em determinada altura da vida. Num concerto o que procuramos é sermos, tanto quanto possível, um com o público, de forma a que as pessoas que estão presentes se sintam parte daquilo que estamos a fazer.
Gravar é bom e desafiante, mas nada se compara a estar em cima de um palco.
Fred Martinho: Fazer um disco é aperfeiçoar o momento tocar ao vivo é criar um momento. Parece que é uma linha ténue que as separa, mas são praticamente dois ofícios distintos. Quando estamos em estúdio a preparar uma canção ou um disco o processo é longo, ponderado, cujo foco é a canção. Ao vivo, a canção é o veículo que nos liga ao público, o momento é fugaz e toda a nossa energia é dedicada a catalisar o público para a emoção.
Ambos vivemos aquele momento que se consome ali no local, não existe nada como um concerto ao vivo. Com toda a paragem da cultura, sentimos que existe uma ressaca gigante dessa ligação artista-público, porque é uma energia que não se consegue ir buscar a mais lado nenhum a não ser ao palco.
Adoramos o estúdio mas o local onde os HMB brilham verdadeiramente é no palco e é lá que somos mais felizes .
É talvez surpreendente o HMB ter escolhido como artista convidada para o seu espectáculo, na sequência de um apelo feito nesse sentido pela organização da Festa, a cantora Lena D’Água, que é de uma geração mais antiga. Também gravaram o ano passado a faixa Lembra-te de Mim, com Rui Veloso, músico da mesma geração de Lena D’Água. Têm algum predilecção especial por artistas dos anos 1980 e 1990?
Daniel Lima: A verdade é que todos nós nascemos ou crescemos nessas décadas, e artistas como a Lena D’Água ou Rui Veloso foram artistas que inevitavelmente nos acompanharam e as suas músicas fazem parte do nosso imaginário. Como somos uma banda que canta em português e fazemos questão de homenagear os nossos artistas e a nossa língua, achamos que não há melhor forma de o fazer do que fazer música com eles ou partilhar o palco.
O espectáculo que vão apresentar na Festa do Avante!, que tem por base o disco Melodramático, vai estrear temas novos ou traz também canções mais antigas?
Joel X: É um compromisso entre o passado e o presente. São quase 15 anos de canções, muitas músicas importantes para nós e para quem nos ouve. Este espetáculo fará justiça a essa história, mas também terá espaço para temas do Melodramático.
Porque é que lançam os vossos discos com uma etiqueta própria, a Naptel Records? Foi uma imposição decorrente das condições de mercado?
Joel Silva: A criação da nossa própria label foi natural. Sempre fomos muito independentes, procurámos sempre ter estrutura própria e, para o tipo de banda e de pessoas que somos, termos o controlo total da parte criativa é importantíssimo.
Sabemos que participam em iniciativas de solidariedade com artistas em dificuldades. Como é que têm vivido a crise provocada pela pandemia? Houve trabalho? Beneficiaram de apoios governamentais? Como vêem a relação do Governo com a cultura neste contexto?
Joel Silva: Não é segredo o quão afectado foi o mundo das artes (e não só) por esta pandemia e nós não fomos excepção. Mas, graças a Deus, não nos podemos queixar. São tempos desafiantes mas que nos permitiram também ganhar perspectiva em relação a muita coisa. Mais do que subsídios, ajudas ou qualquer outro incentivo do estado, o que queremos, e acreditamos que seja o que a maior parte dos técnicos e artistas quer, é podermos ser livres para trabalhar.
O que é que gostariam de poder contar aos vossos amigos no dia seguinte ao espectáculo da Festa do Avante!?
Fred Martinho: Antes de mais, seria muito bom ter lá os nossos amigos, para testemunhar mais uma grande noite, porque não dá bem para contar o que é uma grande noite de música, tem de se estar lá. As palavras não chegam. Estamos muito felizes por partilhar o palco com a incrível Lena D’Água, uma artista que nos inspirou quando éramos miúdos e que se soube reinventar e isso é de novo inspirador. Sabemos que vamos com tudo para cima do palco, temos uma setlist muito fresca para apresentar. Já estivemos uma vez na Festa do Avante! e foi memorável, mas desta vez acreditamos que será ainda melhor.