População renovará confiança na CDU em Santiago do Cacém
Em Santiago do Cacém, a CDU tem encontrado, ao longo de décadas, uma força inesgotável para continuar a melhorar o concelho. Ao Avante!, Álvaro Beijinha, actual presidente e candidato à Câmara Municipal (CM), relatou os desafios enfrentados pela CDU durante os últimos oito anos e as suas expectativas para o próximo mandato.
«As pessoas confiam na gestão da CDU»
Estes dois últimos mandatos, em que foste presidente do município, ficaram marcados, primeiro, pela austeridade da troika, e, depois, pela epidemia de COVID-19. De que forma estes factores condicionaram o trabalho realizado pela CDU?
Ambos condicionaram muito, mas de formas diferentes.
Eu diria que a troika nos cortou as pernas na medida em ficámos desprovidos de recursos financeiros e humanos para podermos responder à população. Sentirmos as necessidades, querermos responder e não termos os meios porque houve cortes brutais nas transferências dos orçamentos do Estado. Não pudemos contratar pessoas e, pelo contrário, tivemos que diminuir o número de pessoal.
Também foi difícil politicamente. Pela revolta de sentirmos que o que nos impôs aqueles condicionamentos foi uma decisão externa ao País, que foi aceite por quem nos governava, que por sua vez, podia ter tido outra decisão política.
As coisas entretanto mudaram e a troika foi embora. Ainda que continuemos muito longe daquilo que é desejável, do ponto de vista financeiro, já temos o suficiente para desenvolver aquilo que é o nosso trabalho e as nossas competências.
Já este mandato lidámos com a epidemia que não foi imposta por ninguém. Foi uma coisa que, infelizmente, nos afectou a todos. Aqui em Santiago do Cacém, mas em Portugal, na Europa, e no mundo. Do ponto de vista do desgaste, foi mais exigente
De repente, tivemos que tomar algumas decisões como fechar a CM. Felizmente, temos pessoas muito qualificadas, trabalhadores de topo, e conseguimos manter a resposta às populações na limpeza urbana e na recolha de lixo, por exemplo. Isto num momento em que ainda não tínhamos muito material de higienização e equipamentos de protecção individual porque simplesmente não existiam.
Fechámos a CM, mas tivemos aqui pessoas a trabalhar durante dias e noites para garantir que respondíamos à população.
Num balanço destes últimos quatro ano, o que é que destacas?
Por incrível que pareça, 2020 foi o ano em que esta CM teve o maior investimento de sempre na sua história. Foi o ano em que nós conseguimos concretizar mais coisas. Obviamente que se tivéssemos realizado tudo o que estava programado, em termos de execução, tínhamos feito ainda mais.
A CM de Santiago de Cacém foi a que alcançou a maior taxa de execução e a maior taxa de investimento de todos os 47 municípios da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regionaldo Alentejo e fomos o terceiro a nível nacional. Isto orgulha-nos.
Planeámos, idealizámos e executámos e, neste momento, 100 por cento das obras programadasjá estão realizadas. Aliás, estamos já a realizar mais obras para além das projectadas, como os bairros das flores e do pinhal em Vila Nova de Santo André, cujo investimento supera os 3 milhões de euros ou a requalificação da zona envolvente ao mercado ou as intervenções nos centros históricos de Alvalade e do Cercal.
Na área da educação reabilitámos várias escolas, um processo que já vinha do mandato anterior. Estamos a falar de um investimento de 2,5 milhões de euros.
Nas áreas rurais, equipámos todas as salas do 1.º ciclo com ar condicionado e com quadros interactivos em mais de 20 escolas.
Todo o pré-escolar foi equipado com computadores com acesso à internet. Reabilitámos os parques infantis praticamente todos. Fizemos na educação um investimento brutal e a própria oposição reconhece que na área da educação, a CM tem feito um trabalho enormíssimo.
Com um tão grande número de projectos e realizações, como se encontram as contas da autarquia?
Há oito anos sucessivos que temos reduzido a dívida, mesmo no ano em que mais dinheiro investimos. A nossa oposição tem muita dificuldade em perceber isto – como é que esta gestão faz tanto e mesmo assim consegue reduzir a dívida?
Como é que o fazem?
Só se consegue fazer isto com rigor. A CM de Santiago tem, neste momento, um saldo de, mais ou menos, cinco milhões de euros, uma dívida total de 6 milhões e teve, no ano passado, uma receita na ordem dos 29 milhões. Temos um prazo médio de pagamento por volta dos 20 e poucos dias.
Portanto, do ponto de vista financeiro, temos uma situação absolutamente saudável e não deixamos de realizar as coisas que são absolutamente fundamentais para a população. Isto é um feito colectivo que nos orgulha a todos. Acho que estamos com uma situação financeira como, se calhar, nunca tivemos.
Na apresentação pública da tua candidatura, teceste fortes críticas à actuação do Poder Central na educação. Nesta e noutras áreas, que responsabilidades não estão a ser assumidas pelo Estado?
Na questão das acessibilidades não se consegue compreender como é que uma das sub-regiões do País com maior dinâmica empresarial, com o maior porto do País e da Europa, com a maior plataforma logística em Portugal, passados mais de 40 anos não tenha uma ligação de auto-estrada. Eu acho que isto não acontece em muitos países do mundo. É uma falta de estratégia por parte de quem nos tem governado a nível central.
A nossa região continua a ter grandes défices naquilo que tem a ver com infra-estruturas fundamentais para nos catapultar ainda mais.
A nível da saúde, temos o hospital do Litoral Alentejano que é um bom equipamento. No entanto, continuamos com um enorme problema que é a falta de profissionais de saúde, médicos, enfermeiros e outros profissionais.
Outra coisa que temos vindo a falar, é o incentivo à habitação.São necessárias políticas de habitação que partam da administração central e que cooperem com as autarquias. Que permitam ter habitação a um custo aceitável para que as pessoas possam viver aqui.
Como independente, o que é que significa a confiança depositada em ti pelo PCP e pela CDU?
Naturalmente que é um sentimento de sentir que o PCP, Os Verdes, a CDU e as pessoas confiam em mim para continuar a ser o rosto deste projecto e de uma enorme equipa muito competente. Uma equipa de gente que tem um papel tão ou mais importante que o meu. Estou absolutamente convicto de que a população do nosso concelho nos vai dar de novo a sua confiança.
É essa a expectativa?
Nunca foi o meu estilo ter sobranceria, mas o nosso trabalho está à vista de toda a gente. Temos insuficiências? Temos. Ficaram coisas por resolver? Sim. Fizemos coisas mal? Fizemos. Agora, globalmente, o trabalho que por nós foi desenvolvido está à vista de toda a gente. Trabalho, honestidade e competência, são os três princípios que nos orientam e ninguém nos pode apontar o dedo.
Pode, com a CDU, este município continuar a crescer em termos turísticos, urbanísticos e económicos como tem crescido até agora?
Eu acho que esse é o caminho inevitável. Se a CDU continuar a governar e a criar oportunidades para todos e não só para alguns. Isso é uma questão tópica. Infelizmente, em muitos sítios não é assim, só alguns é que têm oportunidades. Aqui damos a oportunidade a todos, dos maiores investidores até aos mais pequenos.
Eu costumo dizer que recebo todos da mesma forma. Connosco aqui, todos são bem-vindos. É isso que nos tem caracterizado e que nos tem permitido, ao longo dos últimos tempos, mesmo em epidemia, manter imensos projectos de licenciamento: turismo e novas habitações. Isto acontece porque as pessoas confiam na gestão da CDU.
Como é que vês o concelho daqui a quatro anos?
Eu vejo o concelho, claramente, melhor. Mais desenvolvido e mais qualificado a vários níveis. Se olhar para quatro anos atrás, melhorámos muito em muitas áreas diferentes. E também é por isso que acho que as pessoas vão reforçar a sua confiança em nós.
Aquilo que eu quero, até porque se a coisa correr bem, será o meu último mandato enquanto presidente da CM, é que daqui a quatro anos as pessoas olhem para o trabalho feito pela CDU e, independentemente, de quem for o nosso candidato, mantenham a sua confiança.
Proximidade à população é ADN da CDU
Iniciativas como «Presidência nas Freguesias» e «O Presidente Responde» são formas de estar mais próximo da população?
Sim e esse foi o nosso slogan há quatro anos: «próximo das pessoas». Acho que é isso que caracteriza o nosso projecto político.
Santiago do Cacém é um concelho grande. Somos o 12.º maior do País em termos de território. É um concelho disperso, até porque é o único do Alentejo com duas cidades, Santiago e Santo André, e as outras três maiores freguesias ficam a mais de 30 quilómetros. Não há forma nenhuma de estarmos próximos das pessoas se não andarmos no terreno.
Esta iniciativa, «Presidência nas Freguesias», é a melhor forma de sairmos para o terreno, com os eleitos e os responsáveis técnicos das várias áreas, e irmos ter com as pessoas. Enfrentá-las, perceber os problemas, ver aquilo que temos feito de bom até para replicar noutros locais, visitar as escolas, os equipamentos sociais, dinamizar reuniões com o movimento associativo e com os empresários. Esta é a nossa forma de estar.
Este é o ADN da CDU. É o nosso ADN não voltarmos as costas às pessoas, irmos ter com elas e ouvi-las. Não aparecemos de quatro em quatro anos como os outros. Os outros aparecem muito de longe a longe com soluções milagrosas, com promessas de tudo fazer, mas durante quatro anos não dão um contributo, uma ideia, não contribuem para uma solução.
A questão do «Presidente Responde» é uma oportunidade, tendo em conta a situação epidémica, para as pessoas poderem conversar e questionar o presidente da CM. Tem resultado relativamente bem.
Para um autarca que tem a perspectiva da vida autárquica como nós temos, isto é muito angustiante. Não poder ir, não poder estar, não poder conviver naqueles mil e um momentos em que nós estávamos presentes.
Mobilidade é prioridade em Santiago do Cacém
Sobre a mobilidade, qual é o papel deste município e dos municípios do litoral alentejano em relação à redução do preço dos passes rodoviários?
Essa foi uma medida alcançadae que é importantíssima para as famílias e para as pessoas. Definimos que ninguém pagaria mais do que 40 euros nos cinco municípios do Litoral Alentejano.
O Governo transferiu esta competência para as autarquias e nós fomos a última a aceitá-la. Só o fizemos quando o Governo, já agora por insistência do Grupo Parlamentar do PCP, garantiu no Orçamento do Estado uma verba dedicada ao financiamento das autarquias para esta competência. E decidimos fazer esta redução importantíssima até porque algumas pessoas chegavam a pagar 80 euros ou mais.
No que toca a transportes escolares, em Santiago do Cacém, os alunos até ao 12.º ano não pagam nada.