A CDU recuperou Alpiarça e o concelho já tem futuro

A terminar o terceiro e último mandato à frente da Câmara Municipal de Alpiarça, Mário Pereira passa o testemunho a João Pedro Arraiolos, candidato da CDU à presidência da autarquia, há dez anos integrado numa gestão que foi capaz de resgatar o município do sobre-endividamento, fazer obra e projectar o futuro.

«Fizemos os maiores investimentos de sempre»

Mário Pereira:Quando assumimos a gestão em 2009, encontrámos uma câmara municipal endividada, o que condicionou os dois primeiros mandatos e parte deste terceiro. A nossa prioridade foi recuperar a autarquia cumprindo um plano de saneamento financeiro.

Pagámos 8,6 milhões de euros de dívida, herdada da gestão PS. Foi dinheiro que fez falta para avançar com o que ambicionávamos, incluindo alguns elementos do programa eleitoral, que fomos forçados a cumprir mais tarde do que prevíamos.

Acresce que o prazo médio de pagamento a fornecedores da CM de Alpiarça nos colocou dificuldades permanentes na compra de materiais ou serviços. A desconfiança para com a autarquia era enorme.

Apesar disso, concretizámos muitas das intervenções prometidas, muito em resultado da nossa capacidade para não desperdiçar possibilidades, nomeadamente fundos comunitários.

Mas para aceder a financiamento comunitário é preciso ter alguns fundos próprios…

João Pedro Arraiolos: E isso é fruto de trabalho, engenho e audácia. Um exemplo, mas podíamos dar muitos outros, requalificámos e expandimos para quase o dobro um jardim municipal recorrendo no essencial à permuta de terrenos.

Foi, ainda assim, possível à CDU fazer obra?

MP: A prioridade foi equilibrar as contas, sem o que a CM de Alpiarça praticamente paralisava. Depois, tendo a CDU apanhado duas crises – a intervenção da troika e, agora, a situação epidemiológica provocada pelo novo coronavírus, tivemos de responder a emergências sociais. Isso apresentou-se como prioritário e creio que demos uma resposta positiva.

Hoje temos orgulho em dizer que fizemos os maiores investimentos de sempre na Educação, seja em infra-estruturas ou acção social escolar. Recuperámos todas as escolas do primeiro ciclo e jardim de infância do concelho e preparamos a requalificação da secundária de Alpiarça. O programa de apoio aos alunos com maiores dificuldades, insucesso e abandono escolar, é outro projecto do qual nos orgulhamos e para o qual perspectivamos desenvolvimento e aprofundamento.

Conseguimos ir ao encontro das expectativas da nossa população, sobretudo porque não deixámos de apoiar quem mais precisava justamente quando mais precisava.

Ajudámos como nunca o movimento associativo. Apesar da dívida herdada e dos cortes nas transferências ditados pela troika, todos os anos aumentámos os apoios aos clubes e colectividades

Ao nível da cultura procedemos, igualmente, aos maiores investimentos de sempre: desde o arranjo exterior à construção do novo auditório na Casa-Museu dos Patudos, o que associámos à redinamização cultural do concelho.

Além do mais, aproveitámos fundos comunitários no novo centro escolar de Alpiarça, na requalificação da zona envolvente aos Paços do município, que era um terreiro, na reconversão e ampliação do jardim municipal, na remodelação total do mercado municipal, cuja segunda fase, a envolvente exterior, vai arrancar abrangendo todo o centro cívico da vila, entre o mercado e a Igreja matriz, para criar uma nova centralidade em Alpiarça.

Conseguimos, também, intervir na rede viária, arruamentos e espaços ajardinados, bem como recuperar o estádio municipal, com novos balneários, um relvado sintético. Uma nova pista de ciclismo já está projectada.

Por fim, deixa-me destacar a reconversão total da iluminação pública. No período da troika, fomos forçados a seccionar a iluminação. A factura era enorme e a situação financeira da CM de Alpiarça era crítica. Com a tecnologia led poupamos dinheiro e a melhoria na iluminação pública é significativa.

O PS não pode, neste contexto, apresentar-se como alternativa à gestão CDU?

MP: Já falámos da dívida, da credibilidade da CM de Alpiarça que recuperámos, mas podemos ainda referir que encontrámos os serviços municipais completamente desorganizados. O PS apresenta-se a estas eleições com o slogan «Alpiarça merece mais». Nós achamos que sim. Alpiarça merece mais CDU.

Alpiarça não merece regressar ao desequilíbrio financeiro e a descrédito, merece uma gestão rigorosa que vá de encontro às necessidades da população. Neste aspecto, importa destacar o papel desempenhado ao longo de dez anos pelo João Pedro Arraiolos, em boa medida responsável pela revitalização financeira que nos permitiu intervir no território e em prol da nossa gente.

A situação que encontraste na CM de Alpiarça era pior do que poderias suspeitar?

JPA: Em 2011, quando assumi funções, deparei-me com uma dívida de 13,3 milhões de euros, o que representava cerca de 1 milhão de euros de défice por ano de gestão PS. A CM de Alpiarça acumulou na gestão PS quase o dobro do endividamento possível.

Hoje, fruto da gestão CDU, estamos em condições de projectar o futuro sem uma dívida que asfixiava não apenas a capacidade de realizar no momento mas de projectar o futuro.

Não entrando de novo na gestão municipal, consideras, então, que tens todas as condições para assumir a liderança do projecto colectivo da CDU?

JPA: Creio que dez anos como vereador me dão uma experiência e conhecimento valiosos. Conheço a orgânica, os funcionários, os processos em curso, os agentes sociais e económicos, as entidades regionais, a tutela governamental e os quadros comunitários.

Na CDU conhecemos e estamos ligados ao nosso povo, às suas necessidades e aspirações. Portanto, não sou só eu que me sinto preparado, é a CDU que representa uma força coerente, competente e determinada em trabalhar para os alpiarcences, que são quem verdadeiramente importa.

Há pouco o Mário Pereira referia a questão da escola secundária. O PS aceitou uma transferência de competências na área da educação sem salvaguardar que a escola precisava de obras estruturais. Fomos nós quem, com persistência, conseguimos que a escola fosse candidatável a fundos comunitários e, assim, resolvemos mais um problema herdado do PS.

Que projectos estão a ser implementados aos quais queres dar continuidade?

JPA: Temos no concelho estruturas diferenciadoras: a Albufeira dos Patudos como área de lazer, a Casa-Museu dos Patudos, que em termos culturais e turísticos é um ex-líbris, o Sorraia, o Paúl da Goucha. Queremos fazer destes complexos uma área classificada e, além do mais, investir na apresentação e divulgação do património arqueológico.

Prosseguir o apoio à economia local, como fizemos neste período difícil, apostar na capacitação profissional, particularmente dos jovens, que enfrentam cada vez mais trabalho precário, potenciar a zona industrial, são também grandes desafios a cumprir.

O parque ambiental e a criação de uma unidade de cuidados continuados, de que o concelho e a região carecem, são outros projectos em que estamos focados.

Sentes o peso do desafio que aceitaste?

JPA: A CDU, a sua história e obra, a proximidade com as pessoas é ímpar. O nosso trato com os munícipes é directo. Não há escadarias nem hierarquias artificiais entre quem gere a Câmara e quem é o beneficiário da gestão. Qualquer um de nós vai a qualquer sítio de cabeça levantada. Há responsabilidade, não há peso.

Não é de pouca importância o facto de termos regularizado a situação dos trabalhadores precários na autarquia. Quando chegámos, a rotação de trabalhadores era considerada normal, inevitável.

Esta é mais uma situação que resolvemos e mostra que somos diferentes, que estamos sempre ao lado de quem trabalha, que isso não é incompatível com o rigor e a realização de obras e iniciativas.É uma das nossas «marcas de água», marca de classe da CDU.

A nossa gratificação é servir

Vais ter saudades da proximidade com os trabalhadores e a população que se tem quando se exerce o cargo de presidente de uma câmara municipal pela CDU?

MP: Nem me vou embora de Alpiarça nem do nosso projecto, que só se realiza plenamente com essa proximidade. Desde a primeira hora, mesmo tendo-nos deparado com uma situação muitíssimo delicada, procurámos defender os direitos e condições dos trabalhadores. São o caso da manutenção das 35 horas, ou, mais recentemente, da implementação do suplemento de penosidade e insalubridade.

Essa proximidade aos trabalhadores e à população, essa valorização e envolvimento não sucedia com o PS e teria um fim se o PS voltasse a gerir a CM de Alpiarça.

Mas pode haver a tentação de acreditar que uma autarquia da mesma cor política ajuda a desbloquear promessas…

MP: Isso é logo desmentido pela realidade, incluindo nalguns concelhos aqui à volta.

Os autarcas da CDU não estão à espera que alguém venha resolver. Avançam mesmo perante todas as dificuldades. Reivindicam, não desistem.

Em Alpiarça falta fazer o quartel da GNR. Temos um acordo assinado desde 2018 para a sua construção. Demos o terreno, aceitámos fazer a obra com financiamento total, mas até agora o Ministério da Administração Interna não avançou com o concurso. Ora, em municípios do PS na região existem situações idênticas.

O que é verdade é que fruto da reclamação e luta da CDU e do PCP, reabriram os CTT, por exemplo.

Em toda a zona da lezíria persiste uma oferta insuficiente ao nível dos transportes públicos. O mesmo sucede com a rede viária. A construção do último troço do IC3, com uma nova travessia do Tejo e ligação aos concelhos de Alpiarça, Chamusca e Golegã, ficou prometida há quase 20 anos. Em Alpiarça temos a situação da EN 118, que foi renovada no centro da vila porque batalhámos muito para que tal acontecesse, mas o restante traçado prossegue sem intervenção.

Portanto, matérias da responsabilidade da Administração Central por resolver não faltam. A questão é a vontade política do Governo para o fazer.

Deixa-me insistir sobre o teu futuro: como pensas que podes contribuir enquanto presidente da Assembleia Municipal (AM) de Alpiarça, a que te candidatas?

MP: Espero continuar à altura desse comportamento ímpar que se resume a exercer cargos públicos para servir o povo, não para nos servirmos.

Foi com muita honra que aceitei o convite de encabeçar a lista à AM de Alpiarça depois da discussão colectiva ocorrida no meu Partido. Vou manter o mesmo empenho e entusiasmo na afirmação do projecto da CDU e enquanto militante comunista. Nem sabemos estar na política de outra forma.



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