A importância assinalável da existência de um Partido centenário digno de ostentar o nome de comunista, como o nosso, justifica plenamente a escolha da temática que estará em destaque naquela que é a sala de visitas da Festa do Avante!.

Este facto é, por si só, desafiante. Contudo, como explicou Jaime Rocha, do grupo de trabalho encarregue pela exposição, o contexto que vivemos obriga a uma «sobre-criatividade» para dar visibilidade, explicar e afirmar uma história que normalmente se mostra em painéis, com fotos e texto colocados em paredes.

Isto é: a obrigação, colocada pela situação epidemiológica, de ter como resultado final um espaço mais aberto, mais arejado, com uma circulação mais fluída, vai ter influência no figurino da mostra.

Sabe-se, desde já, que se recorrerá com maior frequência a soluções expositivas em mesas, assim como a elementos de vídeo e, também, a objectos significativos e ilustrativos da vida, acção e prestígio do Partido, utilizados quer durante o período da clandestinidade quer após o 25 de Abril de 1974. Neste último caso, trata-se de ofertas ao PCP feitas por células de empresa, o que demonstra a implantação e reconhecimento do Partido entre a classe operária e todos os trabalhadores.

O Pavilhão Central manter-se-á no mesmo local do ano passado e o seu arranjo exterior está a ser projectado para evidenciar a exposição dedicada ao Centenário do PCP, adiantou ainda Jaime Rocha, que em relação ao conteúdo concreto revelou que o objectivo é que quem a visite assimile todo o percurso dos comunistas portugueses, especialmente os elementos ligados à história da organização de classe dos trabalhadores e do povo, da sua luta e propósitos.

100 anos contados

Assim, será abordada a fundação do PCP, o contexto histórico em que ocorre, a formação e desenvolvimento do movimento operário, as lutas e os primeiros anos marcados pela instabilidade e por dificuldades até ao golpe militar fascista de 28 de Maio de 1926. Mas também o período da clandestinidade, de 1926 a 1974. Naturalmente, passando pela Conferência de 1929 e pela sua importância, pelas dificuldades dos anos 30, pelo surgimento do Avante! e pela reorganização de 1940/41, pela afirmação do PCP como um grande partido nacional capaz de conduzir o combate pelo derrubamento da ditadura fascista.

Aqui, a imprensa clandestina e em particular o papel do Avante! terão relevo, assim como a vida clandestina e os métodos usados, a repressão fascista, a resistência heróica dos comunistas e do povo.

A Revolução de Abril estará também em destaque, focando-se em especial a vitória e consolidação da liberdade e da democracia, as conquistas e realizações revolucionárias como a Reforma Agrária, o controlo operário e as nacionalizações, a Constituição da República Portuguesa, a legalização e transformação do PCP num grande partido de massas.

O processo da contra-revolução e o avançar da política de direita até aos nossos dias não serão esquecidos, com a exposição a contemplar a ofensiva movida contra as conquistas de Abril e a sua reversão, as privatizações ou o papel dos vários partidos, mas também a resistência e a luta, sempre muito presentes nesta mostra, com exemplos concretos, disse ainda Jaime Rocha.

A concluir a mostra, como não podia deixar de ser, falar-se-á do futuro. Desse que tem Partido, dos seus objectivos supremos, o socialismo e o comunismo, a razão de existir e perdurar, bem como as propostas mais imediatas no quadro da Política Patriótica e de Esquerda, e a etapa programática de alcançar uma Democracia Avançada.

Em toda a exposição será dada uma nota relevante sobre a importância dos congressos do Partido, designadamente na definição da linha política, táctica e estratégia, desvendou igualmente Jaime Rocha.