Obra feita e vontade de continuar pelo Alvito
Há oito anos como presidente da Câmara Municipal do Alvito, António João Valério é o candidato da CDU a mais um mandato, desafio que abraça com entusiasmo pretendendo dar continuidade ao trabalho desenvolvido.
«Acima de tudo está o compromisso que temos com as pessoas»
Que balanço fazes deste dois mandatos a liderar a gestão CDU na CM do Alvito?
A nossa primeira prioridade foi o desenvolvimento do concelho, um problema comum aos territórios de baixa densidade. A agricultura foi durante muitos anos a base de sustentação, mas as culturas tradicionais praticamente desapareceram dando lugar a outro tipo de agricultura, que traz outros problemas.
Quando cheguei à presidência da CM do Alvito, fomos confrontados com o encerramento da Pousada do Castelo. O grupo Pestana não a considerava rentável. Muitos comerciantes questionavam o que seria o futuro caso ela fechasse e com ela abalassem os turistas. Isso consolidou a certeza de que se tratava de uma âncora da vitalidade económica local.
Foi assim que abraçámos o desafio de agarrar a Pousada, garantir a sua manutenção e dos 16 postos de trabalho directos, ligá-la à escola profissional.
Simultaneamente, para potenciar pólos de interesse, avançámos com a reabilitação do nosso património, casos da Ermida de Santa Ágata, cujas obras estão a chegar ao fim, e da recuperação da Igreja Matriz do Alvito, cuja segunda fase será no próximo mandato.
Outra prioridade foi a Educação. O Alvito tem 2500 habitantes, mas cerca de 500 alunos. Uns no agrupamento de escolas entre o pré-escolar e o 9.º ano, outros na escola profissional que assegura até ao 12.º ano. Muitos dos que frequentam a escola profissional são de concelhos à volta. Nela trabalham cerca de 60 pessoas, entre docentes e não docentes, trazendo dinâmica, pelo que o desenvolvimento da instituição é crucial.
Aceitámos, assim, o desafio de construir um novo edifício multiusos para a escola profissional, obra orçada em 2,5 milhões de euros representando um investimento significativo para um município como o Alvito.
Ainda nesta área, recuperámos uma escola primária de Vila Nova da Baronia e lá instalámos uma creche com berçário, assegurando que no nosso concelho existe ensino público para todas as crianças e jovens.
Avançámos, igualmente, na requalificação de espaços verdes, jardins públicos, parques infantis e arruamentos, das piscinas municipais ou do cemitério, bem como na recolha selectiva porta-a-porta, perspectivando já, neste último aspecto, os passos seguintes, nomeadamente quanto aos biodegradáveis.
Com mandatos que se iniciam durante a intervenção da troika em Portugal e terminam num contexto pandémico, que atenção foi dada à resposta social?
O «Alvito Social» é um programa de apoio aos mais idosos que criámos para ajudar na compra de medicamentos, na realização de pequenas obras nas residências ou no arrendamento. Depois fomos ainda mais longe e alargámos aos idosos institucionalizados. Outros projectos dirigidos a esta camada da população são a Universidade Sénior, que aproveita e valoriza os saberes e experiências dos mais velhos e dinamiza a sua participação na comunidade, e o apoio a pessoas que vivem isoladas, justamente chamado «Aproximar».
Para os mais jovens, pusemos em marcha um gabinete de apoio às famílias procurando combater o abandono e o insucesso escolar, e estamos a seguir a Carta Municipal de Educação, que é muito vasta e engloba, além das escolas, as associações desportivas e culturais.
Muita dessa intervenção que referiste implica uma relação com a Administração Central. O que é que os governos têm obrigatoriamente de fazer no Alvito com urgência?
As acessibilidades, designadamente a conservação das estradas nacionais, mas também investir na ferrovia, resolvendo o problema da electrificação e modernização geral da Linha do Alentejo.
Quanto à rede viária, importava, também, que fossem criadas condições para que os municípios pudessem aceder a fundos comunitários para a requalificação das estradas municipais, sem os quais é quase impossível atender às necessidades existentes.
Ao nível da segurança, estamos a iniciar a obra do novo quartel da GNR do Alvito. Após muito tempo e negociações, lá conseguimos que nos fosse transferida a verba, ficando nós com a responsabilidade da obra.
A Saúde é outra preocupação, pois receamos que prossigam os cortes no acesso dos cidadãos a este direito. Não aceitámos a transferência de competências na área da Saúde, ao contrário da Educação, que já se encontrava na esfera do município quando assumi a presidência.
Colocaste o acento tónico no desenvolvimento do concelho. Que outras diligências foram feitas pela CM do Alvito nesse sentido?
Por exemplo, estamos a concretizar uma zona de acolhimento de actividades económicas em Vila Nova da Baronia, um investimento de 350 mil euros, e projectamos semelhante intervenção no Alvito. É no entanto preciso ter bem assente que a instalação de novas empresas em territórios de baixa densidade reclama que estes sejam discriminados positivamente, e isso depende da Administração central.
De resto, como já disse, a grande aposta e que julgamos terá retorno é a escola profissional, com o seu novo multiusos e a sua ligação à Pousada do Castelo.
Não quero com isso dizer que descuramos a promoção de eventos capazes de trazer visitantes ao Alvito. Pelo contrário. E os exemplos são a aposta forte nas feiras de Vila Nova da Baronia e do Alvito, os encontros de alvitenses e vilanovenses na diáspora, que reúnem aqui centenas de conterrâneos.
Ao longo de todo o ano desenvolvemos várias iniciativas, como as ervas da baronia, a festa do barão, as tardes no castelo, e outras . Além de actividades desportivas, assentes na parceria e apoio da câmara aos clubes e associações. Aliás, sem o apoio de câmaras municipais como a do Alvito não existia desporto nem cultura em boa parte do território. Nem bombeiros.
Já falaste na reconfiguração da agricultura, no desaparecimento das explorações de base familiar. De que forma é que isso se reflecte no Alvito além do que já adiantaste?
Falando de culturas intensivas e superintensivas, a intervenção dos municípios é muito escassa. Não temos forma de limitar o agronegócio. Quando muito através dos PDM. Há contudo um conjunto de problemas associados que são as autarquias quem os enfrenta, dos esgotos à poluição, o medo e o legítimo descontentamento da população.
Candidatas-te a mais quatro anos à frente da CM do Alvito. Que projectos tem a CDU para o futuro imediato?
Estamos já a avançar e vamos prosseguir nos próximos anos com a estratégia local de habitação. Temos neste aspecto problemas gritantes que a Administração Central não resolve e pretendemos construir 48 habitações para famílias carenciadas do nosso concelho.
Por outro lado, vamos continuar a insistir no desenvolvimento do território, com as duas zonas empresariais e criando dinâmicas de atractividade para actividades económicas, e com a Pousada do Castelo de Alvito e a escola profissional, que, insisto, consideramos fundamentais.
Havendo financiamento central, é urgente requalificar duas vias municipais que ligam o Alvito a Ferreira, uma por Alfundão e outra por Odivelas.
O que é que distingue a CDU das demais forças políticas no Alvito?
A obra feita, a estratégia de desenvolvimento, sem dúvida. Mas eu diria que acima de tudo está o compromisso que temos com as pessoas, a proximidade, a honestidade do nosso trabalho e a transparência da nossa acção.