Lutas firmes na indústria reclamam valorização dos salários
Nas Minas da Panasqueira perspectiva-se novo período de greves. Uma acção forte teve resultados na Visteon. Hoje há protesto na Hutchinson. O descontentamento ganha corpo na VW Autoeuropa.
A unidade é a principal arma dos trabalhadores contra a exploração
As greves de duas horas por dia e também ao trabalho suplementar, de 26 de Abril a 8 de Maio, tiveram uma adesão fortíssima dos trabalhadores da Beralt Tin & Wolfram, concessionária da exploração das Minas da Panasqueira.
Caso a administração persista em não ir ao encontro das reivindicações, poderão iniciar-se novas paralisações, também de duas horas, a partir de 24 de Maio. O pré-aviso apresentado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira permite que a luta se prolongue até 12 de Junho, em defesa de melhores salários, melhoria das condições de trabalho, exercício do direito à formação profissional certificada e realização dos exames médicos periódicos.
No dia 5, a Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, e outros dirigentes, estiveram com os trabalhadores em greve e saudaram a determinação revelada.
Para dia 18, terça-feira, está marcado um plenário geral que deverá analisar a situação e preparar a próxima fase da luta.
Na fábrica da Visteon, em Palmela, o «protesto silencioso» realizado na quinta-feira, dia 6, contou com a participação de «aproximadamente 90 por cento dos trabalhadores», segundo o Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas. Durante uma hora, por cada um dos três turnos, os trabalhadores saíram para os espaços ajardinados da fábrica, apoiando a exigência de melhores aumentos salariais.
A União dos Sindicatos de Setúbal assinalou a crescente diferença entre a actualização salarial na empresa e a subida do salário mínimo nacional, acusando a multinacional de pretender «igualar os salários por baixo» numa fábrica onde tem obtido «lucros de milhões».
A Comissão Sindical do SIESI revelou que, depois daquela jornada, foi convocada para uma reunião negocial extraordinária, que teve lugar dia 10, segunda-feira. A posição patronal inicial, que assegurava um aumento mínimo de 15 euros, passou para o dobro, mantendo a percentagem de actualização (1,4), dois dias de férias móveis e complemento salarial em situações de baixa por doença oncológica, nos primeiros dois meses.
Na VW Autoeuropa, é fundamental manter a unidade e a firmeza dos trabalhadores, o que será determinante para alcançar aumentos salariais dignos e defender direitos, salientou o SITE Sul, num comunicado após a última reunião com a administração, dia 3. Esta manteve a proposta de actualização para três anos, segundo a inflação, valores que o sindicato considerou «vergonhosos e insuficientes», realçando que o esforço dos trabalhadores determinou os resultados da empresa em 2020, que foi o seu terceiro melhor ano de sempre.
Para hoje e amanhã, dia 14, a CT convocou plenários em que os trabalhadores são chamados a pronunciar-se sobre estas matérias.
Hoje, das 13h30 às 16h30, os trabalhadores da Hutchinson (Porto), organizados no SITE Norte, concentram-se frente à fábrica, em Campo (Valongo), para exigirem melhores salários e respostas a outros pontos do caderno reivindicativo.
A decisão de realizar este protesto foi tomada por unanimidade, em plenários realizados dia 29 de Abril, onde foram vivamente contestados os valores de actualização salarial aplicados de forma administrativa.