Algo está podre na sede do capitalismo

António Santos

Do país mais rico do mundo, no ano da graça do Senhor de 2021, chegam notícias de que há trabalhadores da multibilionária Amazon que são forçados a urinar em garrafas.

E do Alabama, onde 1100 mineiros da Warrior Met Coal cumprem hoje uma semana de greve ininterrupta contra o corte dos seus rendimentos, chega-nos o «plano de continuidade» do CEO, que responde pelo nome de Walter J. Scheller III e cujo salário anual ascende a 4 milhões de dólares, para manter a mina a funcionar durante a greve recorrendo a mercenários armados e à contratação de fura-greves.

E da fronteira com o México, chegam-nos as primeiras fotografias – ilegais, note-se – de dezenas de crianças, também elas ilegais, presas em gaiolas onde não há sequer uma cadeira. Na sede da democracia global proíbe-se a comunicação social de aceder a estes locais, onde crianças e fotografias podem ser ilegais.

E da prisão estadual de Lancaster, na democrática e liberal Califórnia, chegam-nos notícias da morte de Romaine Chip Fitzgerald, preso político há 51 anos como castigo pela sua militância revolucionária no Partido Pantera Negra.

E do Texas, para rematar porque já vai longo o rol, chega uma lei que proíbe o aborto depois das seis semanas (sem quaisquer excepções, da violação, o incesto passando pelo perigo de vida para a mulher) com as particularidades de, por um lado, criminalizar todos os que «ajudem» os médicos ou as mulheres a interromper uma gravidez, como motoristas, psicólogos ou amigos e, por outro lado, admitir que qualquer texano possa processar um médico ou uma mulher suspeitos de interromperem uma gravidez.

E da mais elementar noção de dignidade humana chega-nos a teimosa dúvida sobre se será possível aceitar qualquer lição moral dos que, no que à civilização diz respeito, com tantos meios, são capazes de tão pouco.




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