Ir buscar as vacinas onde elas existem
O revés no processo de vacinação motivado pelos atrasos no fornecimento de vacinas foi outro tema presente no debate, com Jerónimo de Sousa, depois de afirmar não ser compreensível o motivo da relação de exclusividade com algumas farmacêuticas, a desafiar o Governo a diversificar a aquisição de vacinas.
«Não se compreende a resistência e muito menos as manobras de diversão e pressões políticas que visam limitar a compra das vacinas a determinadas farmacêuticas anglo-americanas e só a elas, mesmo sabendo que não estão em condições de assegurar o seu fornecimento atempadamente», salientou o Secretário-geral do PCP, sem deixar de admitir que outras razões obscuras possam explicar tal comportamento, como a sujeição ao «interesse das multinacionais farmacêuticas, que querem ter o monopólio do negócio, a par de razões de geopolítica, o que é também grave, quando está em causa a vida das populações».
É assim óbvio, para o PCP, que a situação o que reclama é a «aquisição de outras vacinas já reconhecidas pela OMS e outras entidades nacionais». Tanto mais que, sublinhou, a necessidade de acelerar o processo de vacinação da população assume no quadro actual uma relevância ainda maior no combate à epidemia.
Esse é, aliás, como aproveitou para lembrar o líder comunista, um dos três objectivos subjacentes ao diploma do PCP com agendamento já para o próximo dia 8 de Abril. Além dessa aquisição imediata das vacinas, aonde elas existam, o projecto de resolução preconiza uma acção no âmbito da OMS e das Nações Unidas para a suspensão da validade das patentes, e, por fim, a criação de condições para a produção de vacinas em Portugal.
Na resposta, o primeiro-ministro acabou por escamotear a questão de fundo - os atrasos no fornecimento das vacinas -, ao referir que, mesmo sem atraso na produção, já estava previsto «desde o início» que o «processo de vacinação só estaria concluído no final do primeiro trimestre do próximo ano».
Já sobre a necessidade de diversificar a aquisição de vacinas, António Costa limitou-se a dizer que o Governo tem «encorajado» produtores a submeterem à agência Europeia do Medicamento as suas vacinas, como a Rússia e a Índia, asseverando, porém, que Portugal só poderá dar vacinas que sejam licenciadas.
Recusou ainda que o problema esteja nas patentes, argumentando que está, sim, na «capacidade de produção» do nosso País.