Férias fiscais: um avanço na vida dos mais de 70 mil contabilistas

Duarte Alves

O PCP con­tri­buiu para o avanço nas con­di­ções de vida e de tra­balho de mi­lhares de con­ta­bi­listas

O Go­verno apre­sentou em Junho a Pro­posta de Lei n.º 43/​XIV, que al­tera vá­rios có­digos fis­cais. Tendo como ob­je­tivo enun­ciado re­forçar os di­reitos dos con­tri­buintes, a pro­posta con­tinha um con­junto de al­te­ra­ções que, na ver­dade, pre­ju­di­ca­riam so­bre­tudo as micro e pe­quenas em­presas.

Por in­ter­venção do PCP, foi pos­sível não só cor­rigir esses pro­blemas, como con­se­guir ou­tros avanços. Des­ta­camos a im­ple­men­tação de um pe­ríodo de fé­rias fis­cais, com im­pacto para todos os con­tri­buintes, e so­bre­tudo um grande avanço para os mais de 70 mil con­ta­bi­listas cer­ti­fi­cados e tantos ou­tros téc­nicos de con­ta­bi­li­dade.

Até agora, não existia ne­nhum pe­ríodo em que os con­ta­bi­listas não fossem obri­gados a res­ponder a de­zenas de no­ti­fi­ca­ções e obri­ga­ções de­cla­ra­tivas por se­mana. Isto sig­ni­fi­cava que, na prá­tica, grande parte dos con­ta­bi­listas tinha de levar o com­pu­tador para as fé­rias, con­ti­nu­ando a ter de res­ponder con­ti­nu­a­mente a essas no­ti­fi­ca­ções.

A partir de agora, os prazos de no­ti­fi­ca­ções e obri­ga­ções que ter­minem em Agosto passam para o início do mês de Se­tembro. Esta mu­dança per­mi­tirá uma gestão mais fle­xível do vo­lume de tra­balho no mês de Agosto, eli­mi­nando-se a cons­tante pressão que im­pedia, na prá­tica, o gozo de fé­rias para estes pro­fis­si­o­nais.

Esta foi uma luta que o PCP as­sumiu desde há muito tempo, e que se junta a um pa­tri­mónio de in­ter­venção, que vem sendo re­co­nhe­cido neste sector.

Em 2019, também por ini­ci­a­tiva do PCP, foi apro­vado o justo im­pe­di­mento, per­mi­tindo que os con­ta­bi­listas possam jus­ti­ficar um atraso num prazo por mo­tivos de ma­ni­festa força maior (aci­dente com hos­pi­ta­li­zação, morte de um fa­mi­liar, pa­ren­ta­li­dade, etc.).

De­pois dessa sig­ni­fi­ca­tiva vi­tória, apre­sen­támos uma pro­posta no Or­ça­mento do Es­tado para 2020 (apro­vada apenas com os votos contra do PS) que previa a cri­ação de con­di­ções para a apli­cação, a partir de 2021, de um pe­ríodo de «fé­rias fis­cais». Pas­sado quase um ano, foi o PCP que, em pri­meiro lugar, co­locou esta questão em cima da mesa, na Pro­posta de Lei n.º 43/​XIV.

A versão final, subs­crita por vá­rios par­tidos e apro­vada por una­ni­mi­dade, apesar de di­fe­rente da pro­posta ini­cial do PCP, cons­titui ainda assim um enorme avanço, que não teria sido pos­sível sem a ini­ci­a­tiva ini­cial do PCP.

A ga­rantia destes di­reitos para um con­junto alar­gado de pro­fis­si­o­nais que são es­sen­ciais para o fun­ci­o­na­mento da má­quina fiscal é parte in­te­grante de uma in­ter­venção mais vasta que o PCP tem de­sen­vol­vido, par­ti­cu­lar­mente nos Or­ça­mentos do Es­tado, com a apre­sen­tação de pro­postas para uma po­lí­tica fiscal mais justa.

Num pe­ríodo par­ti­cu­lar­mente di­fícil para os con­ta­bi­listas, que foram so­bre­car­re­gados com a carga ad­mi­nis­tra­tiva as­so­ciada às vá­rias me­didas de apoio à eco­nomia, a pers­pe­tiva de um Agosto di­fe­rente para me­lhor será com cer­teza mo­tivo de ânimo. Para o PCP, é mo­tivo de or­gulho ter con­tri­buído para este avanço.

Por exemplo, re­sul­taria das al­te­ra­ções pro­postas o fim da pos­si­bi­li­dade de dis­pensa de coima, em si­tu­a­ções já re­gu­la­ri­zadas e que não ori­ginem pre­juízos para a re­ceita fiscal.



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