O País precisa de produzir para assegurar o seu futuro

PRO­POSTA Este é o tempo para «tomar op­ções de fundo», re­alça o PCP, pro­pondo uma po­lí­tica de subs­ti­tuição de im­por­ta­ções por pro­dução na­ci­onal, pois «um país que não produz, não tem fu­turo».

É pre­ciso re­mover os obs­tá­culos ao de­sen­vol­vi­mento

Numa de­cla­ração pro­fe­rida na se­gunda-feira, 9, por Vasco Car­doso, da Co­missão Po­lí­tica, o PCP chamou a atenção para os novos pro­blemas co­lo­cados pela epi­demia e, so­bre­tudo, para as «in­su­fi­ci­ên­cias e es­tran­gu­la­mentos cró­nicos que há muito atingem o País» e que ela re­velou. En­frentar uma crise como aquela que está em de­sen­vol­vi­mento exige não apenas me­didas de emer­gência, mas também a cor­recção de erros an­te­ri­ores e a rup­tura com um rumo que, re­alçou o di­ri­gente co­mu­nista, «tem des­pre­zado as ac­ti­vi­dades pro­du­tivas e apro­fun­dado a de­pen­dência ex­terna».

Se algo foi evi­dente nestes meses, su­bli­nhou Vasco Car­doso, foi a im­por­tância de o País não de­pender de ter­ceiros em ma­té­rias cen­trais para o fun­ci­o­na­mento da so­ci­e­dade, como a pro­dução de ali­mentos ou me­di­ca­mentos. A im­po­sição de um mo­delo que des­preza o mer­cado in­terno, os atrasos es­tru­tu­rais no de­sen­vol­vi­mento da ca­pa­ci­dade ci­en­tí­fica e téc­nica na­ci­onal, a de­pen­dência face a grandes mul­ti­na­ci­o­nais e às prin­ci­pais po­tên­cias da União Eu­ro­peia são ou­tros traços ne­ga­tivos que, para o PCP, têm de ser su­pe­rados.

So­be­rania e di­reitos

Apre­sen­tando os eixos cen­trais de uma pro­posta de de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial as­sente na pro­dução na­ci­onal (ver caixa), Vasco Car­doso re­alçou as três fontes de fi­nan­ci­a­mento ca­pazes de a sus­tentar. São elas o re­forço do in­ves­ti­mento pú­blico a partir dos re­cursos na­ci­o­nais, desde logo o Or­ça­mento do Es­tado, e o má­ximo apro­vei­ta­mento, sem con­di­ci­o­na­lismos pré­vios, das verbas pro­ve­ni­entes da União Eu­ro­peia (QFP e Fundo de Re­cu­pe­ração) e das pos­si­bi­li­dades abertas pelas baixas taxas de juro, «mo­bi­li­zando re­cursos para in­ves­ti­mentos cri­te­ri­osos e com re­torno».

Vasco Car­doso ga­rantiu ainda serem muitos aqueles que, para lá do PCP, já com­pre­en­deram que o «fu­turo do País não se cons­trói de­sin­dus­tri­a­li­zando, aban­do­nando a terra e o mar, en­tre­gando ao ca­pital es­tran­geiro aquilo que o povo por­tu­guês cons­truiu ao longo de sé­culos». De­fender o di­reito a pro­duzir, des­tacou, «é de­fender o di­reito ao em­prego, a sa­lá­rios dignos, a um de­sen­vol­vi­mento que pre­serve o meio am­bi­ente, é de­fender a so­be­rania na­ci­onal».

Pelo de­sen­vol­vi­mento
so­be­rano do País

Das ne­ces­si­dades exis­tentes, o PCP des­taca quatro vec­tores fun­da­men­tais para de­sen­volver a pro­dução na­ci­onal:

  • pro­dução de ali­mentos, apro­vei­tando as boas con­di­ções para sa­tis­fazer as ne­ces­si­dades da po­pu­lação, ga­rantir a ocu­pação do ter­ri­tório e as­se­gurar a so­be­rania ali­mentar;

  • pro­dução de me­di­ca­mentos e de equi­pa­mentos mé­dicos, onde se in­clui a pro­jecção do La­bo­ra­tório Na­ci­onal do Me­di­ca­mento e a ar­ti­cu­lação com ou­tras com­po­nentes da in­dús­tria na­ci­onal;

  • pro­dução de equi­pa­mentos e meios de trans­porte, par­tindo da ca­pa­ci­dade ins­ta­lada para pro­dução, re­pa­ração e ma­nu­tenção;

  • pro­dução de energia, com a mo­bi­li­zação de re­cursos que apontem à so­be­rania ener­gé­tica, pro­mova a uti­li­zação ra­ci­onal da energia e acrés­cimos de efi­ci­ência, di­ver­si­fi­cação das fontes de energia e com­bate à de­gra­dação am­bi­ental – ob­jec­tivos in­se­pa­rá­veis da re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico sobre este sector es­tra­té­gico.

Estes quatro vec­tores, sa­li­entou Vasco Car­doso, im­plicam a ar­ti­cu­lação com «todas as ou­tras di­men­sões da po­lí­tica eco­nó­mica»: da de­fesa dos ac­tivos pro­du­tivos do País à va­lo­ri­zação da base in­dus­trial exis­tente; da re­dução da de­pen­dência do ex­te­rior ao alar­ga­mento e for­ta­le­ci­mento dos seg­mentos de valor acres­cen­tado na­ci­o­nais; de uma tran­sição ener­gé­tica su­jeita aos in­te­resses dos País (e não su­bo­ri­nada às agendas e es­tra­té­gias das grandes po­tên­cias) à di­ver­si­fi­cação das re­la­ções eco­nó­micas ex­ternas; do apoio às micro, pe­quenas è mé­dias em­presas à in­cor­po­ração dos avanços ci­en­tí­ficos e tec­no­ló­gicos numa pers­pec­tiva de de­sen­vol­vi­mento na­ci­onal; no re­forço dos ser­viços pú­blicos à con­cre­ti­zação do ob­jec­tivo do pleno em­prego e da ele­vação geral dos sa­lá­rios.



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